SINAIS

O Adão veio da Casa de Malanje - Angola - para frequentar o terceiro ano de Teologia, no Seminário do Porto. Nos fins-de-semana, vem sempre e passa o Domingo connosco no Calvário. Entrou pequenino na Casa do Gaiato de Malanje. Uma criança alegre e pacífica que conquistou a todos. Agora, uma esperança para nós.

Os doentes vibram com a sua companhia - e logo nos sábados: - O Adão ainda não veio? - São eles ansiosos. Conquistou a todos.

Saboreamos já vê-lo sacerdote e no trabalho da Obra. «Senhor dos Céus - mandai para esta liça divina gente que queira trabalhar, que vá ver com seus olhos e apalpar com suas mãos como é a vida dos que moram nas traseiras da cidade, que as fachadas não dizem toda a verdade.»

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Sentimos muita alegria com a entrada na Obra da Rua do P.e Fernando Fontoura, da Diocese de Bragança, e do nosso P.e Alfredo Costa, da Diocese do Porto.

Como é belo o «vem e segue-me» de Jesus! Como é maravilhosa e insondável a resposta - «Eu vou, Senhor! Vou contigo...»

Cessem as palavras. É um horizonte de luz.

Obrigado, Senhor! Tu és maravilhoso.

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Recordo o nosso Calvário: Sol. Na mata os passarinhos saúdam. Um melro atravessa apressado. Só param para cantar. Quando subo a rampa para os pavilhões, já P.e Baptista tinha dado as suas indicações e dava a medicação. Chego ao pavilhão dos homens. O sr. Pacheco faz a cama de um doente. Logo a seguir, as tigelas de leite com pão. Tocou-me dar ao «Faneca», no seu banco - artimanha para sua incontinência. Ele diz NÃO com a sua cabeça, mas sabe estender a mão ao meu contacto. Come tão bem! Em todas as refeições o mesmo apetite.

O Chico - cego e mudo -, quando o tacho demora, bate no banco e refila.

Em cada cama e a cada um - os nossos amigos voluntários dão o pequeno almoço.

Recordo com saudade seus sorrisos amigos.

Padre Telmo