SINAIS

Escrevi no último O GAIATO sobre a urgência da vinda de um sacerdote para a nossa Obra.

Em resposta ao primeiro apelo feito há dois anos, consola-nos a vinda do P.e Fernando Fontoura, da Diocese de Bragança, que abraçou o Calvário.

Voltamos de novo a bater à porta do teu coração. Digo-te de como eu vim para a nossa Obra - foi: Já na Teologia, o meu amigo condiscípulo Virgílio Madureira tinha todas as quinzenas a visita de sua irmã que lhe trazia o jornal O GAIATO. Ele lia, sublinhava as passagens que mais lhe agradavam e metia o jornalzinho por debaixo da porta do meu quarto. Linhas com pensamentos de Pai Américo traziam já os riscos do Virgílio. Eu lia com ganas e os pensamentos do P.e Américo ficavam a ferver como cantarolas.

O nosso crime não foi descoberto e nós continuamos na doce transgressão.

Cada Jornal era, e é, um monumento, mas, naquela época, também um sino que acordou para o amor e o bem.

E, apesar da minha fraqueza na saúde e pequenez nos estudos - o Senhor aceitou-me para seu sacerdote. Já no fim da Barragem de Cambambe - Angola - o sino começou a badalar com força: - Dois sacerdotes da Obra, P.e Carlos e P.e Horácio, de passagem por Angola, visitaram a Barragem de Cambambe. Na despedida, eu falei para eles: - Se um dia vos bater à porta que fazeis?

- Pois, abrimos.

Como ainda não havia carreira de aviões, vim de barco pelo mar... Bati e entrei.

Não sei se o som do sino chegará ao teu coração... Talvez - contigo - o gemido dos pobres e das crianças... Vem.

Padre Telmo