SINAIS

O Pavilhão dos Doentes tem uma varanda exposta ao Sol a todo o comprimento dos pavilhões com forte corrimão protector. Ela se ramifica no acesso ao salão de festas e rampa de acesso. Quando o Sol vinha, os nossos doentes vinham, falavam, riam, faziam malha - família! Se o «Faneca» vinha sem boina, um deles ia e trazia. O João, quase sempre:

- Vai a Paredes? Traga-me pilhas e telefone à minha irmã.

- Tens o número?

- É um qualquer.

Um encantamento!

A varanda está vazia. O Sol bate no chão de marmorite.

* * *

Foi ontem depois do pequeno-almoço: - Já viu os pavões? Estão no corrimão da varanda.

Costumam pernoitar nas árvores. Hoje, em fila, no corrimão. Esperam o Sol e guardam os pavilhões vazios dos Doentes.

Pavão pai, fêmea mãe e quatro filhos já grandes. Espreitam o Sol que, filtrado pelos plátanos e carvalhos, vai descendo pelos telhados vermelhos.

Maria do Carmo - Eras tu que espreitavas e marcavas a hora de saída para a maravilha da manhã. Quando o regresso, ordenarás aos pavões para pernoitarem nas noivas do japão - os três grandes plátanos junto da nossa Capela que foi espigueiro.

Padre Telmo