SINAIS
Tenho saudades do «Faneca». Conheci-o em 1988, era ele menino. Sentado na sua cadeirinha, uma trancinha no braço, seu olhar, doce, vago, inocente. Cresceu pouco. Ficou sempre menino. Era o meu doente -menino - predilecto. Estendia-me os bracinhos, pegava-lhe nas mãos - ele queria andar, andar sempre. Comia com prazer, o seu único prazer era comer. Tantas vezes lhe dei. Que saudades «Faneca»... Tu não sabes chorar... As tuas dores ficam escondidas nos teus olhos límpidos...
Porque te levaram? Se nos tivessem dito que queriam o teu quarto pintado de azul, nós tínhamos pintado o teu quarto de azul. Nada disseram. Pegaram em ti e levaram-te.
Tenho saudades tuas!
Tu não sentes? Os teus olhos límpidos escondem todas as dores.
Um dia, ofereci-te uma flor... levaste à boca para comer. Tu és uma flor e o teu aroma perdeu-se numa rua comprida.
Volta «Faneca». Espero por ti!
Padre Telmo