SINAIS

Saio poucas vezes de Casa — o nosso Calvário - por culpa da perna má; mas quando, vou interrogando o Mário sobre o nome das flores.

— Olha aquela, é um arbusto e só uma cor viva!

— É uma azália.

— E aquelas que tapam o muro como um véu de noiva?

— São as glicínias.

Todas as aldeias nesta zona de Paredes são um jardim!

O sol veio e tudo explodiu em beleza! Já vi hoje as abelhinhas a volitar em volta de um arbusto com flores brancas.

É um céu! Para a nossa Alice que é cega o céu não é uma flor mas, diz ela: - É como uma cafezinho bem quente!

É tudo Primavera...

* * *

O João está na sua cadeira de rodas. Leva a sua cadeirinha para o sol da varanda e olha extasiado a sua Primavera. Passei e pediu-me que telefonasse à irmã.

— Tens o número?

— É um qualquer...

Ao receberes no teu telemóvel um telefonema sem nascente - é do João. Depois, pediu-me um cigarro. Dei-lhe um rebuçado. Ao tirar-lhe o papel — esqueceu o telefone e chupada. Tive impressão que ao saborear - sentiu o aroma das flores.

* * *

Vou ver a minha princesa —  A Luísa — parece uma avezinha na sua cadeirinha de rodas. Nos domingos comunga: é uma cascalhada de risos e aromas entre ela e Jesus.

Vem vê-la. Dá-lhe um beijinho. Sentirás que as ofensas ao Calvário - até nas televisões - foi artimanha do diabo.

Padre Telmo