SETÚBAL

QUEM FOI PAI AMÉRICO? — No passado dia vinte e oito de Abril, no Seminário de São Paulo de Almada – Setúbal, a «Obra do Bom Pastor», teve como de costume, um encontro. A mesma é formada por pessoas que rezam pelas vocações e que apoiam material e espiritualmente o Seminário supracitado. No último Domingo de cada mês têm um encontro no Seminário, com todos os seus elementos das várias Paróquias da Diocese, onde têm sempre um momento de conferência, partilha do lanche e por último, o mais almejado, a Adoração do Santíssimo Sacramento e Vésperas Solenes com os Seminaristas. Assim sendo, neste encontro tiveram a graça de conhecer quem foi Padre Américo – Fundador da Obra da Rua. A conferência foi apresentada pelo Diácono Diogo Machado (um homem apaixonado pela pessoa e escritos do Padre Américo), que pelo intermédio do Padre Rui Gouveia (Reitor do Seminário), não hesitou em aceitar o convite. Ora, o Diácono Diogo ao apoiar-se num espírito humildade e tranquilo, deu a conhecer a todos que Pai Américo (como é carinhosamente chamado) foi um dos grandes místicos português do século passado que levou Cristo a todos e todos a Cristo; amou a caridade e, não só a amou como também a praticou. E, neste clima de profunda caridade que radiava todo o seu ser, surge-lhe a ideia de fundar uma Obra que tem por objectivo receber livremente os rapazes abandonados e prepará-los para uma vida útil e digna na sociedade; fundou também o «Património dos Pobres» para auxílio assistencial e habitacional às famílias e pessoas com necessidades, carências de pobreza, exclusão social e habitacional. Por fim, fundou o «Calvário», destinado a receber doentes incuráveis, na condição do pobre, para lá passarem o resto do tempo, tendo tudo o que lhes é preciso e onde podem morrer na paz do Senhor. Esta Obra, entretanto, Pai Américo a chamou de «Obra da Rua» e dentro desta, as «Casas do Gaiato». O Diácono Diogo, acrescentou ainda que a Obra não é especialmente para rapazes com comportamentos antissociais ou associais, mas sim para aquele que não possuem um lar; a Obra, ou seja, as Casas do Gaiato não são reformatórios, nem refúgios, nem casa de correcção, nem asilos. São lares de família para quem os não tem. Frente a isso, o Diácono, ao ver que foram muitos e muitos actos caridosos praticados pelo Pai Américo e que em duas ou mesmo quatro horas seria difícil apresentá-los, convidou, entretanto, todos a assistirem a um pequeno vídeo sobre a Aldeia dos Rapazes da Rua – A Obra do Padre Américo (realização, montagem e comentário de Adolfo Coelho). Ao término do vídeo, todos ficaram ainda mais maravilhados ao verem e ouvirem as santas palavras do Pai Américo, a pura vivência da vida familiar na sua Obra e por último não menos importante, a participação amorosa dos Gaiatos nos seus serviços, uma vez que são eles os protagonistas de tudo na Casa e o pai, um simples acompanhante. Por fim, já prestes a terminar a conferência o Diácono pediu-me que desse um pequeno testemunho da minha vida enquanto gaiato e como surgiu a minha vocação sacerdotal. Certamente, foi um pedido difícil de ser recusado, embora não estava à espera. E, portanto, tendo-me deixado guiar pela presença do Pai Américo, dei o testemunho. Porém, tendo terminado a conferência, surgiu no coração e na mente de cada um o desejo de conhecerem mais de perto essa magnifica obra assistencial e socioeducativa fundada pelo padre Américo Monteiro de Aguiar na década de quarenta do século passado, destinada aos rapazes da rua.

Paulo Domingos

(Seminarista de Malanje e Gaiato, agora em Setúbal)