
PELA CASA DO GAIATO DE SETÚBAL
O caminho Sinodal... também na Obra da Rua...
O Papa Francisco convida a Igreja inteira a interrogar-se sobre um tema decisivo para a sua vida e a sua missão: O caminho da sinodalidade. Caminho este que tem obrigatoriamente de envolver a auscultação de todos os que fazem parte das comunidades cristãs. Visando assim promover a experiência vivida de discernimento, participação e corresponsabilidade, onde a diversidade de dons do Espírito Santo se manifesta para a missão da Igreja no mundo.
Desde que saíram as primeiras notícias desta intenção do Santo Padre que no meu "espírito" têm soado alguns sons melodiosos e outros incisivos trazendo-me ao pensamento a importância de um caminho parecido no processo de repensar esta nossa caminhada e vivência na Obra do Pai Américo. Mas não foi essa a proposta originalíssima da sua pedagogia?
Escreveu um dos nossos bispos: "A pedagogia que criou tornou-se tema de investigação e estudo. Que sim senhor... o antidiretivismo, a personalização de métodos, a inter-relação grupal entre novos e menos novos, o exercício da responsabilidade, a liberdade de movimentos, e tantas outras expressões sábias que representavam um inovados projecto educativo!" (in O Padre Américo e a Obra da Rua, coord. José da Cruz Santos, Editores Aletheia, 2006).
O epíteto de Obra de Rapazes, para os rapazes e pelos rapazes, já de si indica que todos, e particularmente os destinatários desta "missão" têm de ser permanentemente auscultados. Os actuais, os mais antigos, e como se diz nas Normas e vida dos "Padres da Rua", porque não, também, as "senhoras" e "mães" das casas, os "continuadores", "os cooperadores", "obreiros", e tantas e tantos (amigos e benfeitores) que têm no seu coração um amor imenso aos gaiatos e doentes do Calvário...
A vinda a lume deste meu texto foi motivado pelo "processo" de auscultação que tem vindo a ser efectuado nas nossas "famílias" por parte do Senhor D. Armando, enviado pelo nosso Preclaro Bispo D. Manuel Linda. Não podemos deixar de referir quer o nosso imenso contentamento, quer o pioneirismo desta iniciativa, em boa hora empreendida.
Estou a escrever nesta manhã em Paredes, na Casa do Calvário e do Gaiato de Beire, por motivo da visita "canónica" também a esta comunidade, especial entre as nossas várias Casas pelos doentes e rapazes que nos merece todo o nosso carinho e amor. Umas semanas antes tivemos o privilégio de ser os primeiros a receber a presença motivadora e animadora da nossa autoridade eclesiástica, que como disse o Padre Acílio, foi a primeira vez que tal facto aconteceu em Setúbal. Auguro que hoje, como antes nas outras Casas, particularmente em terras sadinas, esta "visita" seja motivo de alegria e para "aquecer" os nossos corações, no empenhamento e dedicação mais plena de todos, padres, rapazes, senhoras, e "amigos" no servir a OBRA com o espírito renovado e actualizado do sentir do Pai Américo.
Podemos, assim, afirmar que o percurso de sinodalidade pretendido pelo Santo Padre, e por dinamização do Bispo do Porto, tutelar desta instituição, estamos também iniciando um roteiro que nos ajudará a perscrutar os ventos do "Espírito Santo" que nos leve ainda hoje a ser sinal indelével da vida e obra do nosso fundador!
Padre Fernando