
SETÚBAL
SEGUNDA-FEIRA COM VISITAS... (Crónica de um dia com colegas de turma de um gaiato) - Quase sempre as nossas segundas começam com um ar de preguiça, que parece estar presente em cada um, porém, nesta segunda-feira, tivemos uma visita que nos fez aos "rapazes", buscar tudo o que tínhamos guardado para partilhar.
O dia iniciou com uma visita de dez alunos e duas professoras vindos da Escola Secundária Dom Manuel Martins, onde um dos nossos rapazes frequenta. O Mamadu Canhe ou "Baba" como o chamamos intimamente cá em casa, é o sujeito, que por sua transparência e dignidade fez chegar mais profundamente aos professores a nossa Obra. "De rapazes, para rapazes, pelos rapazes", o que os fez agendar uma visita, e não só, mas também, participar naquilo que por uma linguagem de rapazes e para rapazes chamamos "obrigações", estas que são as nossas tarefas diárias, desde o lavar a loiça até o sachar as couves.
Logo que chegaram os nossos visitantes o "Baba" prontificou-se para uma visita guiada com os colegas. Começou pela capela, o refeitório, a cozinha e o jardim que pela beleza, não passa despercebido.
Para começar o dia, fez-se a distribuição das obrigações que estavam previamente planeadas, onde distribuímos os nossos rapazes e os estudantes em grupos de forma aleatória com o objectivo de que em cada grupo estivesse um rapaz responsável pelo cumprimento da tarefa.
Formaram-se seis grupos: limpeza do corredor, jardim e as vias de acesso, arrancar as ervas das oliveiras novas, que ladeiam a estrada de acesso à Casa, e à volta do busto do nosso Pai Américo, sachar as couves, limpar o bar e também ajudar no refeitório e na cozinha.
No cumprimento das obrigações, notou-se a facilidade de socialização e a rápida partilha de vivências que fez com que o trabalho não parecesse árduo. É verdade que no princípio não foi tão fácil, mas passados alguns minutos estávamos todos tão entretidos e envolvidos no que estávamos a fazer que uns puxavam pelos outros.
Mas quando o "ar de preguiça" começava a atacar, pela falta de hábito de alguns, não faltaram os momentos de cansaço que se amenizaram com um "geladinho" no meio do trabalho.
No fim da manhã, por volta das 12:30h fomos ao almoço. Este momento fomentou ainda mais laços, com a conversa, saboreando e desfrutando de um belo prato elaborado pela nossa cozinheira.
Após o almoço foram todos convidados a tomar um café ou chá no nosso bar, que dispõe de internet, televisão e Snooker. Mesmo com isso, a maioria optou por fazer uma visita à nossa vacaria, passando pela sala de ordenha, pelo estábulo, onde se deliciaram com as vacas e os bezerros. Também quiseram ver a pocilga, com os porcos de abate, e as porcas "parideiras" e seus filhotinhos.
De tarde, depois do intervalo do almoço, reunimo-nos de novo. Planeamos os trabalhos que, com excepção dos que fariam a copa e o refeitório, fomos à apanha da laranja no nosso pomar. De certa forma foi o trabalho mais exigente e cansativo, pois vínhamos de um trabalho matinal e voltar ao trabalho após a refeição e o café, tornou-se bem custoso.
Assim, formamos cinco grupos de três elementos cada e começamos na apanha da fruta que estava caída no chão por causa do vento. Como a época delas já vai passando, muitas já se encontram "bichosas" e só servem dar às vacas.
Ao fim do dia, nos despedimos com um magnífico lanche, seguido de umas fotos para recordação...
Foi um dia espectacular em que todos ficaram muito contentes e felizes pela experiência vivida!
Milton Silva