PELA CASA DO GAIATO DE SETÚBAL

Segundo o nosso lema de "Obra de Rapazes, para Rapazes, pelos Rapazes", complementada com a expressão do Pai Américo "eu cá gosto que os rapazes vibrem e tenham opinião", continua-se hoje a verificar a actualidade do nosso método na forma de educar os jovens que nos são entregues e confiados.

Contextualizando o pensamento sobre este tema, quero referir que no contacto com alguns amigos e visitantes da nossa Casa, quando confraternizam algum tempo connosco ficam surpreendidos pela autonomia que vão observando nos gaiatos e mesmo no comportamento que revelam em momentos vários da vida comunitária.

Há uns tempos atrás, uma colaboradora da empresa de Segurança e Higiene Alimentar que veio ajudar na implementação e reorganização de algumas situações na Casa, e que oferecendo-se para dar o seu contributo pessoal, decidiu passar entre nós alguns sábados.

A certa altura disse-nos que ia convidar o filho para vir passar um tempo de experiência com os nossos, pois reconhecia a mais-valia das atitudes que eles demonstravam nas "obrigações" de sábado, bem como na saudável relação que observou entre eles.

É verdade que às vezes podemos deixar transparecer um tal nível de exigência que possa ser considerado como limitador de alguma da "vibração" consentânea com as idades das nossas crianças e jovens.

Por isso, o mote usado para a escrita deste texto leva a uma exigência muito mais criteriosa na forma de "olharmos" para estes "filhos" tão diferentes, quer na idade, quer na cultura familiar, quer na personalidade de cada um, pois sendo originários de várias "famílias" formam agora uma "nova família", em cada Casa do Gaiato.

Assim, o desafio que se nos impõe é cada vez mais, na senda da tradição do projecto formativo da Obra, que todos possam expressar as suas opiniões e se sintam plenamente implicados neste caminho. E, por isso, também responsabilizados pelos êxitos ou fracassos da caminhada de cada um e de toda a comunidade.

Quando se é consciente do rumo a seguir, mesmo os aspectos menos positivos, nos dão alento para seguir o percurso traçado.

Continua no meu pensamento uma das frases que motivaram o artigo anterior desta rubrica, e que complementa o tema desta. De facto, algumas "derrotas" no aspecto relacional podem ser transformadas, quando escutamos o sentir dos rapazes e quando se lhes oferece confiança. Revendo esses factos, ficamos com a certeza que os encaminharão a um crescimento ainda mais responsável.

É dessa forma que entendo o pensamento do nosso fundador, ao preferir algum insucesso na confiança do que colocar a chave do êxito educativo no "triunfo da vigilância", que nunca poderá ser o roteiro, que levará os rapazes à verdadeira determinação na escolha de um rumo de vida com liberdade.

Estaremos nós preparados, nos hodiernos dias, para percorrer este itinerário que foi novidade de excelência protagonizada na criação das Casas do Gaiato???...

Padre Fernando