SETÚBAL
Primeira época escolar
Com alguma dificuldade participei em quase todas as reuniões dos encarregados de educação com os directores de turma, das sete escolas frequentadas pelos nossos rapazes.
Alguns surpreenderam-me pela boa aplicação e comportamento, sendo destacados dos outros alunos, em algumas turmas, por motivos tão nobres.
A ajuda da explicadora, de que alguns beneficiam gratuita e competente, tem-nos dotado não só de ciência, mas também de brio escolar, a ela devo esta alegria paternal que me é dada pelos rapazes.
Aqui temos uma forma de responder às necessidades naturais da sociedade, comprometer-nos com elas e fazer boas obras com agrado de toda gente recta e sobretudo do Pai Celeste.
Visita agradável
Pelo telefone sou convidado a responder a uma pergunta que é feita por uma professora do IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional): - Tenho aqui uma turma de senhoras a fazerem um curso para auxiliares de educação as quais gostariam de visitar a Casa do Gaiato.
- Oh!, minha senhora, nós somos a porta aberta. Podem vir quando quiserem.
Combinada a hora e o dia, logo de manhã, na sexta-feira daquela semana, as senhoras haviam transposto a entrada e abrigavam-se do vento gélido, ao sol que batia na parede das escolas.
Fui ter com elas e conduzi-as à sala de jantar, o compartimento mais quentinho e agradável para receber visitas numerosas neste tempo frio. As senhoras sentaram-se em cadeiras formando um círculo oval à volta da minha mesa e eu fui-as informando sobre as características de uma Casa do Gaiato e as diferenças das instituições do Estado: Família que somos, porta aberta para juntar a liberdade à responsabilidade, educação no trabalho, brio educacional. Obra de rapazes, para rapazes, pelos rapazes, como funciona. E liberdade de educação segundo o pensamento do fundador transportado para a actualidade.
Depois levei-as à capela, uma autêntica galeria de pintura sagrada que ornamenta e eleva o espírito de quem entra no pequeno templo, e li-lhes cada um dos doze grandes quadros sobre o olhar atento e interessado das senhoras alunas e da mestra. Algumas tiraram fotografias dizendo não conhecer nada ao nosso redor parecido com esta beleza e esta elevação.
A seguir entreguei-as ao Milton que as levou à casa três, as convidou a visitar a casa-Mãe dos mais pequenos, com o sótão lindíssimo para eles brincarem, verem televisão e se aconchegarem uns aos outros num mundo belo e à sua medida.
Com o Milton perderam-se na quinta!... com as vacas, as vaquinhas, os vitelos, o laranjal, as oliveiras, os prados, os porcos e as galinhas, as couves e as favas, as ervilhas e o resto do milho e voltaram radiantes e admiradas consigo mesmas, pois nunca pensaram encontrar uma instância tão bela com tantos lugares de diversão para os rapazes como a Casa do Gaiato.
No fim exprimiram os seus sentimentos muito agradadas e a Orientadora perguntou-me se era possível trazer os filhos para eles verem e se divertirem. Respondi-lhe como no início do telefonema: Somos porta aberta e a nossa quinta é realmente - «não um faz de conta» - uma quinta pedagógica a sério não só para os nossos rapazes como também para todas as crianças e jovens.
Padre Acílio