SETÚBAL
VINDIMA
A nossa vindima foi uma alegria para todos.
De véspera, fomos buscar duas tinas à adega que nos fica com as uvas, uma para o vinho tinto e outra para a uva moscatel. Organizámos os grupos, pondo sempre um maior e outro mais pequeno, sendo o primeiro responsável por deixar as cepas limpas e o segundo por apanhar cuidadosamente os bagos que caem para chão.
Os pardais e as abelhas comeram quase todos os cachos do tinto, mas o moscatel produziu muito bem e as avezinhas mais os insectos saciaram-se com as primeiras.
Logo cedo - durante as férias levantávamo-nos às 8 horas, naqueles dias foi às 7 da manhã, por causa do sol ardente que fazia - o Bita distribuiu as tesouras com recomendação de que «no fim, toda a gente devia entregar-lhas».
A vindima é das tarefas que eles mais gostam, não só para comerem os cachos que quiserem, mas, também, para gozar a colheita. A uva moscatel tem uma doçura tentadora.
Houve apenas um senão: Um adolescente que veio há pouco tempo para a nossa Casa quis escolher a fila e o chefe não permitiu. Naturalmente, o chefe, é chefe, ele não obedeceu foi malcriado com o seu chefe e mandado embora da vindima.
Os rapazes ficam a saber, por experiência, do que se faz o vinho e o que é o moscatel e, ainda, uma videira e os sarmentos, para entenderem melhor a linguagem do Mestre: «Eu sou a videira e vós os sarmentos.»
ALEGRIA
Os acontecimentos que mais me consolam são os rapazes a cantar no trabalho. Em música profana ou música sagrada, tudo lhes serve para manifestar a sua felicidade. Os mais pequenos, que comem à minha mesa, por vezes também cantam enquanto comem, sendo preciso eu dizer-lhes: «À mesa não se canta». Muito gostaria eu de os ver cantar em todas as ocasiões, mas sou obrigado a mandá-los calar, para conhecerem as boas regras.
Padre Acílio