SETÚBAL
Júbilo
Com os nossos amigos devo comungar a alegria que me transporta da alma. É para todos uma notícia inesperada, como foi para mim, que há anos deixei de me preocupar com o futuro desta Casa porque essas ideias me desanimavam, me afligiam e me revoltavam.
De repente, para mim, surge, vindo do Céu, um Sacerdote com a alma plasmada por Pai Américo. Já não é um jovem levado pelos sonhos, mas um homem maduro que sempre ansiou viver a pobreza dos Padres da Rua e escolher os Pobres para a sua amizade e companhia.
Não veio desta Diocese de Setúbal, nem deste País, mas de muito longe, quase do fim do mundo como o Papa Francisco. Veio de Minas Gerais, da Diocese de Juiz de Fora.
Seus Avós acompanharam o Padre Américo na sua deslocação ao Brasil em 1949. Com sua mãe ainda jovem ouviram-no muitas vezes e a sua palavra marcou-os profundamente. A família viveu evangelicamente à luz vigorosa e profética do Pai Américo.
É, para mim, um verdadeiro milagre esta forte e doce companhia.
Já o baptizei nas deslocações às zonas mais pobres da cidade e às casas mais famintas e desamparadas, o que ele fez com redobrado júbilo.
Não sou digno de tal graça, mas o Senhor quis surpreender-me, consolar-me e advertir-me: Por que duvidaste homem de pouca fé.
O Padre Lacerda é Brasileiro, a perifrástica da sua linguagem vai-se aperfeiçoando e, brevemente, creio eu, ocupará um cantinho no nosso Jornal com as suas vivências.
Jumbo
O Jumbo de Setúbal dá-nos diariamente o que tira das bancas. É uma ajuda preciosa, pois dela escolhemos alguns alimentos para nós, para os pobres que demandam à nossa porta como para o nosso gado.
Desde o princípio que o Jumbo nos abriu carinhosamente as portas para os nossos rapazes venderem O GAIATO.
Naquele largo e povoado ambiente saboreei um arroubo espiritual que minha memória jamais apagará: Comprava um fogão e um esquentador para dar a uma família pobre e, quando os quis pagar com um cheque, dizem-me que estavam saldados. Estremeci com a notícia, interiormente o meu coração voou ao Céu.
O Jumbo organiza anualmente uma colheita para a Casa do Gaiato tal como é feita para o Banco Alimentar e este ano foi abundante.
O nosso celeiro precisa estar sempre recheado para acudir à pobreza que agora, três dias por semana, bate à nossa porta em maior número.
O peditório é destinado à Casa do Gaiato de Setúbal mas não o guardamos somente para nós. Repartimos com os Pobres que de todos os lados nos procuram.
As portas do Jumbo estão sempre abertas para os rapazes venderem O GAIATO o que não acontece infelizmente em mais nenhum hipermercado. Todos nos têm fechado as portas, excepto o Intermaché que também nos mimoseia com o que tem nas prateleiras e não impede que nas entradas ou saídas vendamos o nosso Jornal.
Padre Acílio