SETÚBAL
Peregrinação
Não é nova. Já tem algumas raízes, a visita anual das nossas Amigas e Amigos de Castelo Branco a esta Casa.
Foi uma semente lançada pelo nosso Querido Padre Horácio com a venda d'O Gaiato nas Beiras! Recordo que a Casa do Gaiato de Miranda do Corvo despachava, quinzenalmente, dez mil jornais.
Foi uma forma de semear o Evangelho que a Obra vive e ajuda a viver cada pessoa cristã.
Esta peregrinação começou encabeçada por uma heróica senhora, D. Maria de Rosário, a qual, mais de uma dúzia de anos chamou a si as mais entusiastas e devotas pessoas da Obra.
A Câmara Municipal de Castelo Branco tem cedido sempre o seu autocarro e o motorista para o transporte das pessoas e suas ofertas.
Quem sucedeu à citada senhora, após o seu falecimento, foi outra dedicada e dinâmica amiga a D. Fernanda que se encarrega, ao longo do ano, de recolher as ofertas de muita gente, que sem mesmo a acompanhar, se tornam presentes com os seus donativos.
Além das muitas especiarias próprias da região, como queijos, enchidos e bolos, também carregaram garrafões de azeite, muita mercearia e 4.438 euros em dinheiro.
Gente humilde e sacrificada do interior do País, vem cheia de alegria, renovar nesta Casa, anualmente, o seu amor aos Gaiatos.
São um exemplo vivo de como Deus toca os corações abertos e nos alenta com a Sua Divina Providencia.
Gaiatos Antigos
O primeiro domingo de Julho, a seguir ao aniversário da nossa Casa, é dia do encontro de todos os que aqui se fizeram homens. Mais velhos já com netos e mais novos ainda solteiros, casados ou juntos enleiam-se na mesma amizade que a Casa do Gaiato lhes transmitiu.
Há os que vêm de véspera preparar o ambiente e as refeições. Há os que se esforçam por vir à Missa, que é sempre às dez horas da manhã, e há também os que só chegam para comer e gozar o convívio. Há os que, felizmente, só pensam em servir e são o fundamento de toda a alegria.
Alguns trazem as suas ofertas, entregues discretamente as quais muito me alegram. Outros que aproveitam a ocasião para pedir ajuda.
É uma família imensa de pessoas, homens e mulheres nas mais diversas condições. Une-os o amor fraterno aqui vivido, neste modo único de educar — de rapazes, para rapazes, pelos rapazes.
Congrega-os as boas recordações e os apelidos, as peripécias, a venda do Jornal, as obrigações, as festas, o companheirismo da escola e as rivalidades no estudo e nos jogos. Lembranças caldeadas dos bons e maus momentos da vida.
Entristece-me que muitos bem colocados na sociedade apareçam menos. Eles que gozam de mais cultura, nível social mais elevado, esquecem-se que a sua presença no meio dos outros não os diminui, antes, pelo contrário, só os enobrece.
Um deles passou quatro dias a preparar, a servir e, no fim, a arrumar e tinha deixado o seguinte escrito num embrulho em papel com cem euros lá dentro: obrigado por estes quatro dias. Foi a revelação do sentido profundo de S. Francisco de Assis: "é no dar que se recebe".
Padre Acílio