POBRES

Já tinham dado sinal de andarem a procurar uma nesga de terreno onde pudessem construir uns anexos, como apelidaram a sua futura casinha. São um casal jovem, ele trabalhador em mecânica de automóveis e vai governando a vida com alguns extras fora do horário de trabalho.

Obtido o terreno, já tiveram ajuda para preparar o chão, mas o trabalho não ficou muito bem como anotou a mãe do jovem mecânico e a nora.

Desejosos de comprarem os materiais para fazerem as paredes prometemos-lhes o pagamento de algumas facturas, as quais sozinhos não conseguem pagar.

Hoje em dia chegam-nos poucas iniciativas de auto-construtores ao nosso conhecimento, rareiam estes empreendedores.

Vamos acompanhar este casal e incentivar.

O Património dos Pobres, nas suas casinhas espalhadas pelo país inteiro, foi um grande milagre de Pai Américo. Saiu-lhe do coração naquele 13 de Maio de 1952, em Fátima. Centenas de casas para famílias sem lugar humano onde habitar, umas mais numerosas que outras, saíram das mãos de muitos que se apaixonaram com este ideal de dar uma casa a quem a não tinha para viver.

Hoje, as existentes, muitas delas melhoradas em suas condições, embora outras fiquem deixadas ao abandono, manifestam na sua génese e pelos tempos fora o que a fé de um Homem pode fazer, qual "incêndio" que se ateou na alma de muitos portugueses.

É certo que quem vive em pequenos palácios pode perder a sensibilidade perante a carência dos Pobres, a quem basta uma casinha humilde onde possam criar raízes e construir as suas vidas. Pai Américo conhecia a vida dos Pobres e, por isso, actuou em consonância.

Não ter casa equivale a não ter vida própria.

Padre Júlio