POBRES
Foi através do irmão que nos conheceu. Ele, pelo Natal, habitualmente aparecia, com a sua bicicleta. Ceava connosco e pernoitava na Noite de Natal. A vida dele dependia de alguns serviços que prestava em casas religiosas. Nós gostávamos da sua presença à nossa mesa, tornava o nosso Natal mais próximo do verdadeiro Natal. Os Pobres são presença de Deus, n'Eles Se esconde.
Comecei por falar da sua irmã. Aflita por não conseguir comprar as vacinas para a sua bebé, o irmão falou-lhe de nós. Então, veio até cá trazendo a sua filha num carrinho coberto com um plástico porque chovia. Levou tudo o que precisava e, passados uns meses, as facturas da água e da luz ficaram por nossa conta, de nós e de ti, caro leitor, que tens partilhado do mesmo amor pelos Pobres.
Agora, voltou. A menina não veio porque começou a ir para o infantário e «não podia faltar senão perdia a vaga», mas trouxe o carrinho para transportar os géneros alimentares que lhe demos e mais um alívio para leite e fraldas, que terá de deixar em breve.
«Este é o meu carro!», disse ela enquanto passava pelos nossos rapazes ocupados na jardinagem. De facto, muitas vezes os Pobres vêm até nós de carro, normalmente de um vizinho que se presta a dar uma ajuda ou nalgum carrito que tenham. As distâncias são, por vezes, grandes, como é o caso desta mãe, que faz uns quilómetros até à estação do caminho de ferro e um pouco mais para chegar a casa. Mas, com alegria, vencem as dificuldades. De facto a alegria não estar no ter muito mas no bom acolhimento com que somos recebidos.
Padre Júlio