POBRES

Hoje apetecia-me dizer-te, para melhor sentir, quanto e a quem demos do que nos destes. Não costumo apresentar os números ou os valores pecuniários do que recebemos e do que demos, neste comércio amoroso para aquietar as aflições dos pobres e levar a partilha dos que querem amar o seu semelhante, asfixiados num mundo cheio de morte, de ódio e de devassidão. Muitos procuram fazer de conta, de que foi sempre assim, talvez seja verdade, mas é uma vida que não nos fala de esperança, de paz e de alegria para todos. A preocupação domina os corações, e a incerteza é o pão de todos. Os pobres surgem como aqueles que podemos amar, fazendo-se sinais de esperança e de amor de Deus.

Sem olhar muito para trás, ficando por este mês de Setembro, estamos na primeira quinzena, tivemos a mãe de três filhas que mais uma vez foi enganada pelo seu ex-marido, tendo de pagar uma dívida que ele contraiu nas auto-estradas: seiscentos euros (segundo os documentos das Finanças); depois uma mãe de dois filhos e a cuidar da avó destes, que pede uma ajuda para o início do ano escolar deles: seguiu uma centena; outra mãe a pedir para o mesmo fim e para uns ténis da filha que anda na escola, antiga família que de vez em quando não consegue resolver algum problema insolúvel e nos procura, com um interregno de alguns anos em que não careceram: uma centena mais uma quinta parte doutra; outra mãe viúva, com quem partilhamos um novo telhado para a sua casa humilde ainda o seu marido era vivo, e raramente se vê em dificuldades, tem-nas agora para adquirir medicamentos e outras necessidades: com centena e meia; um doente oncológico, que todos os meses nos procura pois não consegue comprar os remédios que lhe são medicados: quarenta euros.

A maior parte das vezes o Pobre é também Mãe. Que seria do mundo sem elas?

Padre Júlio