POBRES

São constantes os seus pedidos. Vê-se aflita com dores nos joelhos e não tem como se curar. Em situações de maior desespero recorre às urgências hospitalares, mas não adianta. Diz que lhe dizem que não podem fazer nada. Toma a medicação que lhe é ministrada, que só lhe alcança algum alívio. Fez fisioterapia, mas os resultados fazem-na desanimar. Ela sabe que tem Parkinson. Não se contém e sempre se queixa das suas muitas dores.

Apesar de nos agradecer o que lhe fazemos, de uma vez não se conteve e foi incorrecta com os nossos que lhe foram levar uma máquina de lavar roupa que nos havia pedido. Era para substituir a sua já sem conserto. Mas, também a que lhe levamos tinha problemas, e avariou após as primeiras lavagens. Quando os nossos lá voltaram ouviram que lhe déramos uma máquina que fomos buscar ao lixo. Ora este comentário ofendeu os nossos recoveiros, que ficaram sem vontade de lá voltar.

Como o tempo cura tudo (menos as dores da nossa Pobre) e a boa vontade também, a pouco e pouco fomos voltando a atender os seus pedidos. Agora quer tentar com emplastros, para o que nos pede ajuda. Daqui a dias saberemos o resultado.

Padre Júlio