POBRES
Fui visitá-los num Sábado à tarde. Estava preocupada com a renda, apesar de ser baixa para os tempos que correm.
Desta vez encontrei-os todos em casa, ao contrário das outras vezes em que estavam na escola. Fiquei a conhecer as crianças que ainda não vira. Fazem uma escadinha de 4 idades, sendo o mais novo ainda de colo. Perguntei-lhe pelo pai deste, se ele ajuda. Que não; fora um descuido.
É muita responsabilidade para aquela mãe. Achei-a descuidada consigo mesma. Levara-lhe algumas coisas como é habitual. Tenho de voltar lá e procurar levantar o seu ego no cuidado com os filhos e com ela mesma. Se nos deixassem cuidaríamos de algum deles. Achei-os um pouco tristonhos.
Não fixei quanto recebe de subsídios. São tantos os casos que não consigo memorizar e nem sempre tenho oportunidade de o registar. Como ficou desempregada maiores são as dificuldades. De qualquer modo, o dinheiro que vai tendo em mãos é sempre escasso.
Se olharmos para o que é tido como limiar de pobreza, o que consegue receber fica muito aquém do que precisa. O dinheiro escorre das mãos sem se dar por isso. A actual moeda circulante, que para muitos tem vantagens, parece deixar os Pobres ainda mais pobres. Apesar dos salários mínimos subirem não se vê que tragam mais desafogo.
Acompanhamos esta família há 9 anos, com uma média de contactos, nem sempre visitas, de duas vezes por ano. Já vimos a sua situação melhor. Para além dos bens materiais necessitam muito de acompanhamento humano, porque dentro da família existe essa carência.
Padre Júlio