POBRES

Chovia impiedosamente. Estando à porta a Páscoa, um acréscimo de razões impelia a visitar algumas famílias e a levar alguma mercearia, da que nos dão, que lhes é sempre bem-vinda, e a meter-me mais próximo deles.

Chegado à "casa" da família que vive numa barraca perto do centro daquela cidade, quem primeiro apareceu foi o avô das crianças, a quem perguntei pela filha. Surgindo esta, quis saber se já tinha novidades quanto a alugarem uma casa. Já tinha procurado, mas como é comum, as rendas são caras, a 700 euros ou próximo disso. Disse-lhe para não desistir. Continuaremos a par.

Daí fui àquele pobre que um acidente, era ainda jovem, o deixou sem os membros inferiores. Apesar das grandes limitações que tem, encontro-o sempre animado. A dependência de outros para fazer a sua vida não lhe tolhe os movimentos. Outros, pobres também, suprem no que lhe é necessário. Ai dos pobres se não fossem os pobres!, confirmava Pai Américo a cada passo.

A terminar o giro dessa tarde, outra pobre esperava que eu chegasse, sem haver nada previsto. Aqui adensam-se os problemas e as dificuldades com familiares que a rodeiam. Nós vamos alimentando a esperança atacando algumas carências. São alívios da carga, agarrada às suas vidas, que têm de levar. Não podem desistir, como um ascendente fez.

Para as vidas marcadas pela dor são as bem-aventuranças. Promessas que unidas à fé recebem vida.

Padre Júlio