POBRES

É um casal que nos é próximo. A incapacidade física que o impede de cuidar minimamente de si sobrecarrega a esposa, também ela com muitas limitações para cuidar de si mesma e do marido. A doença manda naquele lar.

Nós temos a obrigação de fazer tudo o que nos for possível por aquele casal. E vamos dando a mão, com pena de estarmos longe do lugar onde vivem, o que dificulta a rapidez da nossa presença por interposto "recoveiro".

Às suas dificuldades juntam-se as da mãe e filho, ela mais pela idade e ele pela doença congénita que o limita grandemente. O muito pouco que têm é partilhado por todos. Só os pobres estão sempre disponíveis para ajudar os pobres.

Enquanto escrevo estou inquieto porque ela pediu-me roupa para eles: «está muito frio senhor padre!» E nós que temos tanta roupa, para todos os fins! Hoje seguirá uma encomenda.

São recorrentes as idas urgentes ao hospital, dos três, e por vezes os internamentos. É admirável a coragem que a anima e a aceitação da modéstia a que estão votadas as suas vidas.

Precisam de reparar algumas janelas da casa que habitam. Vamos incentivá-los a reparar ou substituir as que estiverem incapazes de cumprir a sua função, que não é só uma abertura para a luz e para o outro mundo.

Não é certamente caso único. Quantos irmãos de Cristo com uma vida difícil, a acusar os indiferentes? «Cada freguesia cuide dos seus pobres!», desafia-nos Pai Américo. As Conferências Vicentinas são uma actualíssima força para curar tantas carências. Para outras situações, bastará uma congregação de esforços e boa vontade. A alegria de ir ao encontro dos pobres é a recompensa.

Padre Júlio