PELA CASA DO GAIATO DE SETÚBAL

"Que a tua mão esquerda não saiba

o que faz a tua direita"… (Mt.6,3)

No Sermão da Montanha Jesus instrui os seus discípulos sobre como praticar a caridade (dar esmola) "Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente."

Assim, aprendemos que fazer o bem deve ser acompanhado pela humildade e discrição, para que seja um gesto autêntico e verdadeiramente generoso. Evitando a vaidade e hipocrisia dos chamados "falsos religiosos" que faziam questão de "ofertar" publicamente, para que os homens os elogiassem.

A metáfora das "mãos", apresenta um genuíno altruísmo, sugerindo que qualquer ajuda deve ser tão espontânea e discreta, que nem o próprio se deve orgulhar ou "contabilizar" o bem que se faz.

Nos últimos tempos, tem sido a opção preconizada na Casa do Gaiato de Setúbal, cujo sentido se explanou no anterior artigo do Jornal "O Gaiato".

Mas as solicitações têm sido bastantes, e por isso o apelo a essa generosidade da parte dos nosso leitores e amigos, e especialmente nesta época mais sensível a gestos solidários, sem dúvida que a vossa "comunhão" de bens se inscreve nestas palavras do nosso Pai Américo: "Ajudar é a palavra mais sublime do vocabulário cristão…" (Notas da Quinzena, P.e Américo).

Dois casos mais comoventes se apresentaram perante nós e com o "coração" nas mãos implorando uma "ajudinha" da nossa parte. Primeiramente, uma mãe de três filhos menores, cujo seu "companheiro" sofrendo de doença terminal, e a própria se encontrando em estado de uma grande obesidade mórbida, com uma das filhas deficiente e acabados de sair de um processo judicial, para recuperação da filha mais nova que lhe tinham retirado e internado institucionalmente injustamente e sob declarações menos verdadeiras. Veio junto de nós com uns 3 meses de renda em atraso, provocado por essa situação, e solicitando alimentação necessária para fazer face às actuais fragilidades familiares. Na sua presença, e vendo a documentação apresentada não poderíamos ficar apáticos para com o pedido…

Um caso praticamente igual apareceu dias depois, nova mãe com 4 filhos menores, vivendo monoparentalmente, pois o pai das crianças se encontra em reclusão, e a senhoria da casa alugada faleceu. A herdeira, com pretensão de aumentar mais o seu rendimento, lhe fez um ultimato de despejo se não pagasse ao menos duas das rendas em atraso. Com a crise de habitação, por todos bem conhecida, o mais certo seria mais uma família desalojada e com a probabilidade séria de intervenção da CPCJ na retirada de algumas crianças a esta mãe, que tendo trabalho, mas a ausência de um digno lar poderia levar a um desfecho "menos bom"…

Além destes casos mais concretos, como anteriormente noticiado, todas as sextas-feiras mantemos a partilha de bens "sem olhar a quem".

Estes gestos caridosos só poderão acontecer com a vossa beneficência e na senda de continuar a bela e actualíssima ideia do padre Américo ao implementar o designado Património dos Pobres…

Em ADVENTO, abramos o nosso coração ao Senhor que vem! Preparemos o Natal com a bondade da comunhão com os irmãos…

Padre Fernando