
PELA CASA DO GAIATO DE SETÚBAL
Mais uma página de ouro se escreveu no "livro da caridade" cristã ligada a esta cidade…de Setúbal…
Esta frase emblemática foi escrita no Jornal "O Setubalense" em 1955, ano da fundação desta Casa do Gaiato. Tal notícia, também já fazia referência à especificidade da acção realizada nas nossas Casas ao afirmar o seu autor: "A formação de bons carácteres, de almas integradas na doutrina cristã e de corpos fisicamente bem constituídos, é a finalidade da Obra do Padre Américo. E honra-nos, a nós setubalenses, que ela aqui se tenha estabelecido, porque nos era necessária a fundação de uma instituição que proteja o rapaz abandonado e o recupere física, moral e espiritualmente". E este texto foi replicado no prospecto organizado para comemorar os 50 anos da existência da Casa do Gaiato de Setúbal.
Conforme podemos facilmente depreender, neste ano celebram-se os 70 anos de missão por estas terras sadinas, em que mais de 50 anos teve como timoneiro o P.e Acílio.
Procurando o significado, por comparação ao mesmo tempo de vida de um casal, estamos a celebrar as "Bodas de Vinho", numa referência à bebida que, como um "bom vinho", melhora com o passar dos anos, simbolizando a durabilidade e o aprimoramento da relação ao longo do tempo. Esperamos que o mesmo tenha acontecido connosco, e que o caminho a trilhar, continue a aprimorar o néctar de especial sabor desta Casa, que a tantos gaiatos inebriou para a vida e que ainda hoje podem testemunhar.
Sabemos que as organizações de várias índoles têm processos de criação, manutenção, renovação, refundação, em que tudo isto se torna imperativo ao longo da sua história, para poder acompanhar a natural evolução das sociedades, não querendo questionar de todo, a sua pendente mais positiva ou negativa desse processo, em que cada arco temporal poderá ser avaliado com a distância crítica exigida.
A própria Igreja, num momento inesperado e com um Papa, não esperado, João XXIII, se colocou numa caminhada de "aggiornamento" impulsionada pelo "sopro do Espírito Santo".
Entendendo essa palavra italiana para descrever a necessidade de a Igreja se actualizar e se adaptar aos desafios do mundo moderno, sem perder sua essência.
Também este projecto educativo inovador e visionário para a altura, nos idos anos 40 do século passado, para poder responder às necessidades sociais, foi criado pelo Pai Américo. Mas hoje, como se sabe, em relação às crianças e jovens menores de 18 anos, todas as intervenções sociais são tuteladas pelos Tribunais de Família e Menores e na dependência da assistência social do estado.
Assim, estando nós, num estado de direito, tivemos a obrigação de cumprir os normativos legais "impostos" para a continuação da nossa Obra, no acolhimento de crianças e jovens menores de idade, como génese da nossa própria existência.
Continuo convicto que apesar de reformulações, algumas "dolorosas", o nosso projecto educativo e de formação de "homens" pode dar um contributo, nos tempos hodiernos, e com a devida actualização psico-social para autonomização de cada um deles, para o que dizia o nosso fundador: «pretendem formar-se na escola do bem…a fim de saírem para o mundo úteis à sociedade, feitos "portugueses de lei"!...», in Doutrina, vol. 1, 2ª ed. aumentada, pag.57.
POST SCRIPTUM: Neste ano, para recordar de uma forma mais solene, a data oficial da entrega da Quinta do "Mocho" à Obra da Rua, no dia 4 de Outubro de 1955, assumida pelo Padre Adriano Antunes, realizaremos comemorações apropriadas à efeméride.
No entanto, vamos celebrar simbolicamente no próximo domingo dia 6 de Julho, o "Dia do Gaiato de Setúbal", com a simplicidade que nos é característica. Teremos missa às 9:30hs, com almoço pelas 13:00hs e uma tarde de convívio, junto à nossa maravilhosa e refrescante piscina, tão apetecível nestes tórridos tempos.
Padre Fernando