
PATRIMÓNIO DOS POBRES
O cuidado dos Pobres nas suas necessidades, embora seja sempre objecto de atenção e pronta resposta dos nossos padres, em conjunto com outras tarefas, teve no nosso Padre Acílio, nos últimos anos, a sua total dedicação, que lhe fora atribuída por todos nós.
O «movimento» do Património dos Pobres foi lançado como labareda de amor a favor deles, pela palavra incendiária do nosso Pai Américo, na Peregrinação de Maio de 1952, na esplanada do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em que foi convidado a falar, palavra atiçada pela parábola de Jesus que põe em confronto a atitude de um samaritano com a atitude de outros personagens que, ao contrário daquele, manifestam indiferença ou repulsa por um homem caído na estrada, vítima de ladrões e salteadores. O apelo silencioso que este homem lança a quem passa, é o foco central da parábola. Os caídos na estrada — os Pobres — foram, por isso, o anúncio que Pai Américo levou a Fátima.
Antes deste acontecimento em Fátima, Pai Américo já fora atiçado pelo nosso Bom Júlio Mendes, que «tinha por costume falar-me com dor da corte aonde o seu Pobre habitava». Também o mestre de obras que no final de erguer a aldeia para os Rapazes, lhe pediu que inventasse qualquer coisa, com medo de entrar em casa e não ter pão para dar aos filhos.
Trazendo Pai Américo há
muito «o desejo de um testamento», «não queria morrer sem deixar algo aos
Pobres»; «só faltava a ocasião», que apareceu com estes dois
pedidos.
A labareda de Fátima espalhou-se por todo o Portugal, e fez surgir da terra milhares de casas para os Pobres, pela partilha de homens e mulheres do todos os quadrantes da sociedade, sendo a Igreja o timoneiro em cada freguesia.
Nunca se apagou este rastilho, que se conservou activo pela acção dos nossos padres em todos os cantos do País, reservando para os padres mais disponíveis uma maior dedicação a este serviço, como fora durante os últimos 16 anos a tarefa apaixonada do nosso Padre Acílio.
Regressamos agora à situação em que a todos os Padres da Rua fica adstrita esta tarefa, tendo especial cuidado cada um com a sua área geográfica alargada.
Como Pobres sempre os teremos connosco, palavra do Evangelho, sempre nos caberá aproximarmo-nos do Pobre caído na estrada.
Padre Júlio