PATRIMÓNIO DOS POBRES

Ainda a minha ida à Quarteira, Vilamoura e Pereiras, Comunidades de onde eu tinha muita saudade as quais foram sempre as que a partir de certa época, me receberam melhor.

Tudo o que caia nos sacos, naquele fim-de-semana: — intenções de missas, esmolas, etc... vinha para os pobres e para a Casa do Gaiato. Em tempo onde o aperto económico para a paróquia quis-lhe dar uma pequena parte. Ele foi severo comigo e não permitiu. A sua casa era nossa, o mesmo a sua mesa e as camas da residência paroquial eram não só minhas, mas também dos rapazes que me acompanhavam.

Durante meio século aquele grande sacerdote ampliou a igreja matriz para mais do dobro, construiu o salão paroquial para catequeses e reuniões, dotou a freguesia de um Lar para idosos, edificou uma igreja polivalente nas Pereiras, erigiu um enorme e moderno Templo em Vilamoura, e a seguir uma magnifica, ampla e bem decorada a igreja de São Pedro do Mar, com um conjunto de Salão de espetáculos, salas de catequese, escritórios e casas de banho.

Os pobres estiveram sempre em primeira linha. Este senhor ainda vive, embora desgastado pela vida. Foi seu Anjo da Guarda a sua irmã Maria, já falecida. Ambos com uma voz magnífica para cantar.

Recordo o tema desenvolvido na minha preleção, o Pão da Vida que Jesus tomou para si como exclusivo, Eu é que sou o Pão da Vida.

Como Filho de Deus feito Homem, naquele discurso em Cafarnaúm , relatado pelo Evangelista São João , tido como promessa da Eucaristia , que realizará na última Ceia , antes da sua Paixão e Morte na Cruz. Ele apresenta-se aos ouvintes nesta forma, como maneira de se unir a nós, como está confundido com o pai: Eu e o Pai somos um só.

Apresenta-se em Pão fazendo uma exigência a mais importante de todas: Aquele que me comer e me beber deverá estar unido a mim, como Eu estou com o Pai. Isto quer dizer que o ideal do cristão que come a sua carne e bebe o seu sangue, obriga-se também com os que sofrem sem culpa, a doença, a pobreza e até a miséria.

A Eucaristia não é um Pão material como o que os vossos pais comeram e morreram. Quem come deste Pão viverá eternamente.

Não é tomar a hóstia de forma material porque Ele não é matéria. O Pão é apenas aparência, a realidade é Ele próprio que deseja fazer com cada um, união de sentimentos, de desejos, de acções e de ideal de vida. Eu é que sou o Pão da Vida.

A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Com todo o peso que estes dois elementos do meu Ser têm gozarão a Vida Eterna.

Eles são o Corpo Místico de Cristo que está em cada pessoa que sofre e mais nada. O resto é roupagem.

Não é fácil viver o Mistério Eucarístico. É por isso que Ele se apresenta como alimento. É uma comida espiritual que vai crescendo dentro de nós, conforme o nosso desenvolvimento e a nossa correspondência à Vontade Divina, num esforço contínuo de aperfeiçoamento por Amor à Sua Pessoa. É uma colaboração mútua da Graça com a vontade da criança, do adolescente, do jovem e do adulto, casado, celibatário, virgem, homem e mulher adultos, pais e avós, velhos e idosas. Sempre um crescendo de intimidade e amor, atraídos pelo Pai, no Filho com o Espirito Santo.

A ânsia de Jesus nosso irmão de se dar a nós é tal que chega ao ponto máximo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes do seu sangue, não tereis a vida em vós.

Vida sobrenatural, vida que resiste à morte, Vida Eterna. Vida com Ele e com os seus, sobretudo os mais pequeninos, os mais débeis, os mais sofredores e pobres. Uma vida eucarística, exige continuamente uma vida de caridade, cada vez mais perfeita e mais heróica.

Padre Acílio