PATRIMÓNIO DOS POBRES

O Património continua a inquietar as pessoas mais sábias e mais desprendidas das ilusões mundanas.

O sofrimento é o mistério inexplicável à razão humana que apenas encontra resposta, ainda que imperfeita, na boca e nos corações que nele comungam. Mesmo os Homens que dele padecem e os que nele mergulham a sua vida de comunhão com os sofredores ficam longe de o compreender. A sabedoria que nos vem da Fé cristã, tem necessidade de partilhar dele, de coração aberto, quer o suporte, quer se dele compadeça.

O Mestre que se definiu como Verdade e Vida passou por estas duas estações: 1.Quando ele era carregado por outros, condoeu-se e Ele próprio o assumiu como Redentor dos Homens;2.Ele mesmo o tomou para redimir a humanidade; " (…) O que fizeste ao mais pequenino dos meus irmãos, a Mim o fizeste." Ter-nos-á na derradeira hora, como sentença definitiva.

Tenho comigo uma carta de certa anciã respeitável, que veio desabafar os seus sentimentos; "Quando recebo o seu jornal, a primeira coisa que leio é o grito de angústia pela cínica sociedade em que vivemos e na inoperância da Segurança Social para os que mais precisam; que não têm uma casa para viver, nem assistência à saúde a que os governos são os responsáveis e obrigados pela Constituição. Isto é um país de contradições! Sei que a Obra foi pensada para os Rapazes e para os Infortunados (…). Ao ler o Património dos Pobres de 20 de Abril mais uma vez vi a sua grandeza.

A Palavra de Jesus vai-se cumprindo.

Actualmente tenho 94 anos com uma doença sem possibilidade de cura, esperando apenas que Deus não me dê muito sofrimento.

Sei as despesas que se tem quando vamos aos hospitais particulares, pois tem sido neles que tenho ido às consultas e fazer exames. Felizmente posso pagar.

Para que o senhor padre Acílio não tenha de empenhar novamente a renda da sua casa, só nesta altura posso enviar um cheque no valor de 11.000,00€ dos quais, mil são para pagar o Jornal, pois devo estar em dívida (…).Não sei se terei mais alguma vez oportunidade de vos escrever, pelo que peço a Deus para que os senhores padres continuem a aliviar os aflitos."

Devo esclarecer esta assinante que comunga das aflições dos pobres e todos os que me lêem, que tendo dado o dinheiro da renda da minha casa, um Gaiato que eu criei, cobre-me a dívida e depois, eu dou quando tiver e assim acontece.

Esta senhora cheia de Sabedoria do Espírito Santo reage, dando quanto eu disponibilizei para uma cirurgia urgente, uma pobre mãe abandonada e traída miseravelmente num hospital particular.

O salmista exprime melhor do que eu situações sociais muito comuns:

No seu orgulho o ímpio oprime o pobre.

O ímpio vangloria-se nas suas ambições.

O Avarento felicita-se a si mesmo, desprezando o Senhor.

O ímpio na sua arrogância diz a si próprio: não há quem me castigue, Deus não existe.

Padre Acílio

padre.acilio@gmail.com