PATRIMÓNIO DOS POBRES
O Património dos Pobres ao vê-los cada vez mais desprezados e mais esquecidos não pode, por Amor à Justiça e à verdade, calar a voz mais antiga que se ergue há décadas em nome da Justiça e da verdade.
Foi por Ele e por mais ninguém ou por outros motivos que não sejam estes que a voz se levantou, não por causas políticas ou interesseiras, mas simplesmente por Amor a Deus e ao seu pobre.
As autoridades do país há muito que prometem e, quando lhes convém, acabar com os sem abrigo e até instaurar uma luta contra a pobreza e… depois… ignoram os compromissos tomados, como se isto fosse um Fenómeno Social, impossível de ultrapassar.
Na coluna passada usei o termo do senhor Presidente da Républica, definindo como paliativo as medidas tomadas pelas autoridades vigentes, em vista a vencer a crise da habitação em Portugal.
Não só agora, foram paliativos, mas tem sido sempre e nunca passaram disso. Dar uma ajuda a quem paga as rendas altas, camuflando os impostos dos senhorios que ultrapassam e muito os descontos para o Estado, não é só um disfarce, como uma resolução injusta sob o ponto de vista coletivo enquanto os mais pobres, pagam rendas de 350,00€, 375,00€ ou 400,00€ a senhorios que não passam recibo, não fazem contrato e quando chega o fim do mês, se não apresentarem o dinheirinho em notas na mão, ameaçam logo com a rua.
Depois, há as mães que ficam com os filhos, fugindo os progenitores com outras mulheres enquanto a Justiça dos tribunais demora meses e meses, sem chamarem os responsáveis à ordem e obrigarem a cumprir os seus deveres, com os filhos e a mulher com quem os geraram.
Tanta pobreza meu Deus, tanta angústia e tanto sofrimento!…
O Património deu a mão, durante oito meses a uma dessas mães abandonadas. O progenitor ao fugir de casa, levou quase todo o recheio menos a cama, onde tem dormido com as crianças e governado a sua cozinha com um frigorifico pequeno, emprestado por uma vizinha.
Pôs logo o problema em tribunal, foi lá várias vezes pedir, chorar e, durante oito meses esperou, como se não precisasse de comer, ela e os seus rebentos, como se o senhorio não lhe exigisse as rendas ao fim do mês, como se tivesse uma saúde de ferro, ela que fez durante este tempo, duas cirurgias, enquanto o Património pagou a uma ama 600,00€ por mês, para lhe ficar com as crianças. Etc, etc!…
Paga de renda 370.00€ mês, foi ao tribunal, foi à Segurança Social e a resposta foi sempre a mesma: tem de esperar. Se não for o Património e os seus amigos, o que seria desta gente?!…
Será que os Pastores da Igreja conhecem bem, o submundo da pobreza?!… Não há uma palavra, não digo já, a reclamar, mas ao menos a gritar por Justiça!…
Um dos Santos que nos aparecem diariamente, no Ofício Divino, chamas-lhes Cães Mudos que não sabem ladrar, que vivem num mundo que não é o dos pobres, nem o de Jesus.
O Gaiato vai gemendo quinzenalmente, mas sabendo que não é mais do que uma lamparina perante tanta escuridão.
Clamar por Justiça é um direito e um dever de todo o cidadão, muito mais dos cristãos e, quanto mais responsáveis mais se lhes deve exigir.
Não sei como podem pregar o Evangelho sem viver o que Jesus mais pregou e O levou à morte, porque os anciãos do povo, os príncipes dos sacerdotes, não gostaram nem consentiram que lhes falasse de Justiça.
"Para mim vale mais a vossa Lei Senhor do que milhões em ouro e prata."
Padre Acílio