
PATRIMÓNIO DOS POBRES
Perante o mutismo dos diversos agentes do Estado aos meus clamores e gritos em favor dos extremamente pobres e diante de muitos casos que quinzenalmente relato neste epígrafe e obrigam o(a) leitor(a) a comungar comigo através de desabafos e da esmola, quero, nesta Quaresma e neste tempo de pandemia, falar ao(à) Amigo(a) leitor(a) daquilo que domina a quadra actual, a Quaresma.
Lê-lo-ás já em plena semana da Paixão mas vai a tempo de vivificar-te com a Luz Plena d'Aquele que tomou sobre Si as nossas dores.
Trata-se de três virtudes ou actos que tendes praticado neste período quaresmal e pandémico: o jejum em favor dos mais pobres, a oração pelos que mais sofrem e a misericórdia com os desamparados.
Segundo o Santo Bispo Pedro Crisólogo, "o jejum é a alma da oração e a misericórdia, a vida do jejum. Ninguém tente dividi-los, porque são inseparáveis. Quem pratica apenas uma das três ou não as pratica todas simultaneamente, na realidade, não pratica nenhuma delas, portanto, ora, jejua e, com este, pratica a misericórdia. Quem deseja ser atendido nas suas orações, atenda as súplicas de quem lhe pede, pois aquele que não fecha os seus ouvidos às súplicas alheias abre os ouvidos de Deus às suas próprias súplicas.
Quem jejua entenda bem o que é o jejum, seja sensível à fome e ao desabrigo dos outros, se quer que Deus seja sensível às suas necessidades, seja generoso, se espera alcançar a misericórdia, compadeça-se, se pede compaixão, dê generosamente, se pretende receber.
Muito mal suplica quem nega aos outros o que pede para si."
Homem, sê para ti mesmo a medida da misericórdia. Deste modo, alcançarás misericórdia como quiseres, quanto quiseres e com a prontidão que quiseres, basta que te compadeças dos outros com generosidade e prontidão.
Ó Homem, oferece-te a Deus pelo jejum em favor dos famintos, dos que não têm casa, dos que passam frio na rua, dos que se sentem ameaçados e torturados pela injusta ablação dos filhos, para que esta oferta seja aceite por Deus, deve acompanhá-la sempre a misericórdia.
Outro dia telefonavas-me para ouvires a minha voz e me dares uma esmola e desabafavas: - Fui encontrar a minha esposa a chorar após ter lido os seus escritos.
Naturalmente, ela acompanha com misericórdia os pobres que lhe falava. Não dizia como os indiferentes, que eu escrevo o que é inventado. Chora porque a misericórdia trabalha no seu coração e enche-o de dores.
"O jejum não dá frutos se não for regado pela misericórdia. Seca o jejum se secar a misericórdia. Esta é a alma do jejum."
Segundo a palavra do Senhor, os misericordiosos alcançarão misericórdia.
Nunca, como neste tempo de pandemia e de injustiças, em que os pobres são sempre relegados para último lugar, foi necessária a misericórdia e é, na busca dela, que eu conto o que vejo e vai no meu coração.
Boa Quaresma e proveitoso tempo de paixão.
Padre Acílio