PATRIMÓNIO DOS POBRES

Mesmo com dificuldades no andar, fui com o Roni visitar uma das casas que estamos a reconstruir. Aquela que a Câmara atribuiu à família doente a viver num carro velho.

As janelas foram postas. Dei-lhes duas latas de tinta branca para interiores e dinheiro para comprar interruptores e tomadas eléctricas e fui ver que espécie de torneiras eram precisas para a cozinha e a casa de banho.

Agora, já lhes oferecemos a mobília necessária, mas quando visitei este pobre casal ainda não tinha levado nem os electrodomésticos nem os móveis.

O homem lá tapou o buraco da porta de entrada antiga, pois a que eu tinha reservado para ele, roubaram-ma e tenho de arranjar outra.

Cá fora corria um vento frio e a casa estava resguardada, toda tão limpinha com as paredes branqueadas como um vestido de noiva e o chão irrepreensivelmente lavado que eu tive vontade de me sentar e conviver um pouco com eles, mas não havia ainda uma cadeira, por isso senti logo urgência em mobilar a casa. Mas, que regalo, aquela
habitação!...

Quando estiver tudo no seu lugar vai ser um sonho viver ali.

Todos devemos dar graças a Deus por este bem que os pobres desfrutam, quando ele doente dos pulmões dormia num carro com a mulher, numa situação que lhe tirava a vida.

Aos amigos do Património faz bem saborear as minhas alegrias e o bem-estar de quem tanto sofreu. Assim pregamos o Evangelho e por Ele O anunciamos a todos os povos da Terra, pois para isso fomos enviados e para mais nada.

A outra casa está ainda a aguardar o orçamento, embora já me tenham dado as medidas das telhas que ainda não levei, para que não me aconteça o que já sofri: pus telhas para uma casa com a garantia da construção rápida e passados dois anos vejo-as ainda a servir de vedação num pátio a estragarem-se. As telhas serão a última coisa a comprar pois mal por mal, tem lá as outras de fibrocimento que não tapam tudo, mas obriga os seus habitantes a mexerem-se para começar a obra.

Padre Acílio