Património dos Pobres

Graças ao Senhor têm sido muitas as pessoas que se encontraram com a Fé, por meio da Casa do Gaiato. É para nós causa de louvor a Deus e confirmação de que o caminho não é errado.

Amar a Deus e deixar tudo por Amor d'Ele e dos seus irmãos mais pequeninos e desprotegidos, é uma afirmação que faz clareiras em todos os corações rectos.

Nunca fomos uma Obra somente de assistência. Nunca. Nem com o Pai Américo. Ele era, como se definia, um apaixonado. Inflamado, sim, por Aquele que se chamou e também se definiu ser caminho! Esta é também a predilecção dos nossos leitores e amigos. Ele está no centro. Ele é o Senhor. Afirmá-lo, é o nosso trabalho até à hora derradeira da vida.

«Acabei agora de ler O GAIATO e pensei: Há tanto tempo que nada envio para os meninos ou para as famílias mais necessitadas (isso fica ao vosso critério).

A última vez foi quando recebi e lhe enviei o dinheiro (...). O senhor padre publicou-o - claro que não me importei - mas não devia ter consentido. 'Não saiba a tua mão direita o que faz a esquerda'. Não é habitual a notícia mencionar o nome. Eu pensei que há tantas (fulanas) em Portugal que não é fácil saber que fui eu. No entanto passados alguns meses, alguém que vive no centro do País me identificou ao ler O GAIATO e mo revelou; eu não neguei, mas fiquei um pouco constrangida! Mas isso já passou e só peço que nas suas orações peça ao Senhor que me ilumine sempre nas minhas decisões e que perca o medo de dar e de dar-me.»

É uma carta que traz o cunho da verdade, da doação, e do aviso.

Tenho o cuidado sempre de, ao acusar os donativos e as mensagens fazê-lo de forma anónima, mas, mesmo assim, já é a segunda vez que levo um puxão de orelhas, o qual me faz tão bem! Gosto tanto de saborear um coração puro o qual põe sempre Deus em primeiro lugar e segue à risca as regras do Evangelho.

Estes são os que fazem parte do Pequenino Rebanho de que nos fala Jesus. Aprouve ao Pai Celeste confiar-vos o Reino.

O Reino de Deus está no íntimo da Obra da Rua, só o entende quem o faz, não quem o prega. Proclamá-lo sem o fazer é perder tempo e ganhar louros, não é pregar o Evangelho porque Este só o transmite quem o vive.

Li num jornal do Porto que o nosso padre Telmo pediu, a chorar, aos Senhores Bispos presentes, numa homenagem ao padre Américo e que não deixassem morrer a Obra da Rua. Recordei então o meu encontro com o Cardeal José Policarpo, que Deus tem, na sua residência, quando lhe pedia um padre para a Casa do Gaiato de Lisboa: - Entre os sacerdotes do patriarcado não tenho nenhum, com o perfil de padre da rua.

Não basta, senhor padre Telmo, que os Bispos nos dêem padres, é preciso que as Igrejas os gerem no amor ao Pobre Jesus Cristo, à pobreza de que Ele se revestiu: o Filho do homem não tem uma pedra para reclinar a cabeça e aos pobres de que Ele se fez irmão!

Não vê, senhor padre Telmo, como a Igreja está longe do seu Mestre?!...

Graças a Ele, o nosso Papa Francisco não se cansa, de toda a forma e feitio, de fazer e pregar esta doutrina que na Igreja, entre nós, se deixou instalar, ouvindo sem perceber e lendo sem entender.

Não nos interessa também que se crie uma estrutura para aguentar, por algum tempo, Obra da Rua. Estruturas há muitas e de várias formas, o que lhes falta é alma!

A Obra da Rua sem alma será um empecilho ao Evangelho, como outras obras da Igreja mais preocupadas em fazer prosélitos do que em fazer cristãos. Os amigos que nos sustentam e nos empurram a valer aos pobres, nunca o farão a qualquer estrutura sem uma alma pobre!...

Encostar-mo-nos ao Estado para quê? É nele que se revela a salvação?! Algumas das suas leis e imposições não se mostram incompatíveis com a Lei Divina?

Padre Acílio