
PATRIMÓNIO DOS POBRES
Tenho diante de mim uma chamada violenta de um sacerdote que grita com todo o seu claro raciocínio aos cristãos que tendo sido baptizados, feito a catequese, crismados e até casados, agora, ausentes da Igreja onde não vemos ninguém. Tanta gente que foi baptizada, ungida com os dons do Espírito Santo, no presente, viram-lhe as costas. Que lhes resta hoje no coração? Um vazio inexplicável. Nada lhes diz nada. Apenas o Mundo lhes fala. Não será, pergunta o articulista, porque confundem o tempo Pascal com o mesmo tempo de alguns judeus contemporâneos de Jesus?
Ele responde: Naturalmente que sim, eles não acreditam na ressurreição de Jesus nem na sua própria ressurreição.
Se Cristo não ressuscitou, diz São Paulo na sua 1ª carta ao Coríntios: É vã a nossa fé, e aqueles que morreram pareceram. Se tão somente, nesta vida esperamos em Cristo somos os mais miseráveis de todos os Homens.
O Senhor está vivo no meio de nós, não só na eucaristia e nos sacramentos, mas de forma ardente nos pobres e oprimidos.
Jesus não se cansou de proclamar esta verdade, patente de forma especial nos textos pascais, na parábola do samaritano, e do rico avarento que tinha o pobre Lázaro na sua porta, onde os cães lhe lambiam as feridas e de tantas formas sensíveis, iluminadores da fé que Cristo está Vivo.
Os meus relatos são sempre o espelho daquilo que vejo, sinto e sofro com os caídos. Há tanta gente com posses, alheia ao sofrimento e à fome dos pobres.
Foi uma senhora, sim era uma senhora na sua apresentação humilde, mas digna. Pediu-me ajuda para pagar a renda da casa. Eu já não tinha dinheiro. Dei-lhe apenas 200€, como tenho de dar contas a milímetro ao Património dos Pobres pedi-lhe que preenchesse o impresso que trago sempre comigo. Ela olhou-me demoradamente, de olhos arrasados em lágrimas: — Eu não vejo Padre, não vejo para escrever.
Sentados no carro que me transporta, lá lhe fui apontando, e ela escreveu o seu nome e a quantia que tinha recebido.
Não é viúva, mas abandonada, tem uma filha com 20 anos e um rapaz com 14.
Paga de renda 600€. O progenitor dos seus filhos, muitos meses não lhe dá o estipulado pelo tribunal. Dizia-me que ele lhe deve mais de 7500€, mas agora está doente, não trabalha e não lhe dá nada.
A rapariga frequenta um curso profissional e o rapaz anda na escola. O seu salário é mínimo, numa loja de patrão.
Como é que esta mulher poderá viver? Como? Sem ajuda de ninguém!
O primeiro auxílio que lhe garanti será o pagamento de uns óculos e depois veríamos a renda da casa.
A minha garantia foi baseada na tua ajuda caro(a) leitor(a), pois esta irmã é uma presença de Jesus ressuscitado, vivo, sofredor e silencioso.
Acorda que é tempo Pascal! Ele, como naqueles 50 dias, anda por aí à espera da tua visita e da tua esmola.
A Igreja de hoje contenta-se com rituais e celebrações e os pobres nas grandes cidades, esquecidos, como se tudo nesta hora, corresse com justiça e equidade.
São Tiago é taxativo: Fé sem obras é morta. Podemos também afirmar que as obras são o vigor da Fé.
"O Corpo do Cordeiro "Porque o dia se acaba
É pão da nossa fome E as sombras vão caindo
E o Sangue derramado Fica sempre connosco
Fonte de eterna vida." Senhor da eterna Glória!"
Padre
Acílio