PATRIMÓNIO DOS POBRES
A festa de Natal enche-nos a alma de alegria e doçura. É a Misericórdia Divina que se compadece do homem e vem, imbuída de amor puro, assumir nossa natureza e uni-la a Sua Excelsa Divindade.
A primeira lição que nos dá é a Humildade, a segunda a Pobreza e a terceira a comunhão com os mais pobres.
Nas pegadas do Evangelho: Quando deres um jantar não convides os teus vizinhos, familiares e amigos ricos, mas, sim, os pobres, os estropiados e os doentes. Estes não têm capacidade para te retribuir e te convidarem para as suas bodas, mas o Pai Celeste te retribuirá; e o nosso Papa Francisco, na mesma linha, diz também: Se viverem no nosso bairro, pobres que busquem protecção e ajuda, aproximemo-nos deles: será um momento propício para encontrarmos o Deus que buscamos, como ensina a sagrada escritura no Génesis e na carta aos Hebreus: Não vos esqueçais da hospitalidade, pois algumas pessoas, graças a ela, sem saberem, acolheram anjos.
A rota lúcida do actual Papa convidou-nos a receber no nosso Natal, uma desamparada com seis filhos em escadinha, o marido preso, sendo a mais pequenina a imagem viva do menino Jesus pobre que todos beijámos como a Ele.
Não veneramos a imagem abençoada de barro, mas a figura viva de Deus-menino incarnado na pobre criança. O que fizeres ao mais pequenino... é a mim que o fazes..., disse Ele e nós acreditamos.
Comeram connosco à mesa, regalaram-se com a comida natalícia, a mesa de toalha branca, ornamentada com motivos de Natal, bom bacalhau com couves e doces, uma sala iluminada e enobrecida de magníficas pinturas.
No palco, representaram o presépio vivo. A mãe a fazer de Maria, os mais velhos vestidos de anjo e a mais pequenina de menino Jesus.
Na Capela, na Missa da meia-noite, sentada ao lado do Altar, apresentou-se outra vez como imagem vivente de Nossa Senhora, com o seu menino ao colo e o Gabriel aparando-os, em vez do pai, no lugar de São José. Os outros filhos rodeavam estas figuras principais, vestidos de anjos, andando de um lado para o outro, como se voassem à volta do presépio vivo. Desta forma a proximidade do Deus-Menino, tornou-se mais notada e o Evangelho mais ardente.
Abundância de meninos abandonados, sem ninguém que oiça o chamamento Divino para os amparar, é tal que poderíamos fazer milhares de presépios em todas as igrejas e gritarmos como profetas loucos em praças, em casas de espectáculos, nos hotéis e nas igrejas: Vinde adorar o menino. Vinde aprender com ele a vitória da pobreza, vinde dar as vossas vidas e receber assim, a Recompensa Eterna!
O Senhor Bispo, associou-se à nossa ceia com dois sacerdotes que o acompanhavam como pastor e guia. Deixou o seu rebanho para jantar connosco e com os pobres, em apreço manifestado à maneira do Papa Francisco.
Também para o Prelado foi uma surpresa encontrar à sua beira seis crianças e uma pobre mãe com o filho mais velho a dar colo à mais pequenina, enquanto a mãe mudava o outro a seguir.
Na Missa da meia-noite, quando chegou a altura de darmos e recebermos a paz de uns aos outros, fui beijar a heroína mãe e notei que o menino acarinhado ao seu colo cheirava mal. A criança estava toda borradinha. O filho mais velho que ajuda a mãe a repartir carinho pelos irmãos, agarrava ao colo a irmãzinha mais nova e, com ela nos seus braços, veio dá-la a beijar à assembleia.
Diz a Bíblia que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Naquele bebé todos beijamos e sentimos afagar o Deus-Menino.
Que Evangélico seria se em todas as paróquias e comunidades eucarísticas encontrassem uma família pobre e lhe beijassem filhos!
Parece que esta foi a pregação de Jesus de que o mundo tanto precisa, que é remissão dos pecados e Luz para todos os povos!
Padre Acílio