
PÃO DE VIDA
Do ambiente digital
Com muito júbilo, celebramos todos os amigos devotos do Famoso o 78.º aniversário de um bom amigo de muitas horas e gerações, desde os anos quarenta do século XX - o jornal O GAIATO. Sendo tão simples no formato, tem pretendido defender os pequenos, como despertador de consciências e revolucionário pacífico. Foi assim sonhado e fundado por Pai Américo para ajudar e promover os que não têm voz nem vez - crucificados e últimos, por amor ao Crucificado. As suas mensagens actualmente chegam aos leitores não só em papel mas também via digital, nos tempos inquietantes que nos são dado viver, de preocupações urgentes e mudanças tecnológicas velozes, desde a guerra na Ucrânia aos graves problemas climáticos.
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A reflexão e o Magistério eclesial vêm sublinhando com muita acuidade os prós e os contras em jogo no mundo digital. Na Mensagem para o XLII Dia mundial das comunicações sociais [24-I-2013] - Redes sociais: portais de verdade e de fé, novos espaços de evangelização, do Papa Bento XVI, foi dito: «O ambiente digital não é um mundo paralelo ou puramente virtual, mas faz parte da realidade quotidiana de muitas pessoas, especialmente os mais jovens».
O Documento final do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens despertou uma nova consciência eclesial em relação aos mais novos [27-X-2018], sob o tema Os jovens, a Fé e o discernimento vocacional. E incluiu nos seus pontos cruciais: As novidades do ambiente digital. Na verdade, o mundo digital mereceu destaque importante nas discussões deste Sínodo dos Jovens. Entre alguns desafios da cultura juvenil, os próprios jovens valorizaram muito a cultura digital presente nas suas vidas, rica de oportunidades. Porém, identificaram vários riscos, como um crescendo de demência digital.
Os mais novos, neste nosso tempo paradoxal, utilizam imenso os instrumentos de comunicação próprios da era digital e vivem «numa cultura largamente digitalizada, que afecta de modo profundo a noção de tempo e de espaço, a percepção da própria pessoa, dos outros e do mundo, o modo de comunicar, de aprender, de se informar e de entrar em relação com os outros. Uma forma de se aproximar da realidade que costuma privilegiar a imagem em relação à escuta e à leitura incide sobre o modo de aprender e o desenvolvimento do sentido crítico.» [Papa Francisco - Cristo vive: Exortação apostólica pós-sinodal Christus vivit aos jovens e a todo o Povo de Deus, 25 Março 2019, n. 86].
Nesta era digital, é evidente que há muitos aspectos positivos: «A web [rede mundial que conecta os computadores - world wide web - www] e as redes sociais criaram uma nova forma de comunicar e de se vincular, e 'são uma praça onde os jovens passam muito tempo e se encontram facilmente, embora o acesso não seja igual para todos, de modo particular em certas regiões do mundo. Seja como for, constituem uma extraordinária oportunidade de diálogo, de encontro e de intercâmbio entre pessoas, bem como de acesso à informação e ao conhecimento'.» [Ibid., n. 87].
Actualidade - Invasão da Ucrânia pela Rússia
Na madrugada de 24 de Fevereiro, quinta-feira, o mundo acordou em choque, sacudido pelo regresso trágico da guerra à Europa, pois a Rússia iniciou uma ofensiva militar em larga escala na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos, sendo uma das maiores no continente europeu desde a II Guerra Mundial, com os horrores e rastos terríveis de muitas mortes, sofrimentos humanos indizíveis, destruições enormes e milhares de refugiados. No contexto actual de tantos conflitos em vários pontos do globo, esta invasão foi condenada pela maior parte da comunidade internacional. Os ciberataques têm adquirido relevo neste cenário de conflito preocupante. O Papa Francisco apelou à abertura urgente de corredores humanitários, que as armas se calem e a Rainha da Paz preserve o mundo da loucura da guerra. O Arcebispo-mor de Kiev, D. Sviatoslav Shevchuk, destacou a resistência da população, de pé em oração, numa guerra sangrenta, desumana e brutal. «É a guerra aquele monstro que se sustenta das fazendas, do sangue, das vidas, e, quanto mais come e consome, tanto menos se farta. [...] É a guerra aquela calamidade pública composta de todas as calamidades [...].» [Padre António Vieira]. Ajudar o que for possível - dar as mãos, com os corações a sangrar - os nossos irmãos que sofrem com a escalada desta guerra nestes dias trágicos, entre outras, é uma emergência do nosso tempo, presente. Agora!
Padre Manuel Mendes