PÃO DE VIDA
Do Venerável Padre Américo
Da Obra da Rua
Desde 1940 - ano da comemoração de centenários portugueses [1140 e 1640], na história da Obra da Rua, foram surgindo várias Casas do Gaiato de norte a sul de Portugal continental, fundadas pelo Padre Américo, para Rapazes desamparados, com o lema Obra de Rapazes, para Rapazes, pelos Rapazes. De facto, o seu início aconteceu na Diocese de Coimbra com a Casa de Repouso do Gaiato Pobre, depois intitulada Casa do Gaiato de Coimbra, em Miranda do Corvo [fundada em 7-I-1940, na Quinta de S. Braz, comprada em 3-X-1939, com Capela em 25-XII-1943 e Cruzeiro - 1962; com Padre Horácio de 1950-1992; e Regulamento interno [dact., Mar. 1940 - O Gaiato, n. 1683, 13 Set. 2008; e dessa casa-mãe para o Memorial Padre Américo]. Na verdade, no dia do Santíssimo Nome de Jesus, com chuva a potes [Pão dos Pobres, II, 1942, p. 87], do ano da graça de 1940, foram acolhidos os três primeiros Rapazes, de Coimbra [Mário Diniz de Carvalho, José Araújo Pereira e Aristides, irmão]. O Padre Américo deu conta desse momento fundante nos seus escritos, como numa Breve História, num opúsculo: Aos três primeiros seguiram-se outros, que eu topava pelos sítios aonde gastava o meu tempo. Eles tinham cara de fome e pediam-me pão. A mãe lavava roupa no Mondego. Do pai não sabiam. Tinham ficha no dispensário... [Porta Aberta, Paço de Sousa, 1952, p. 4]. E confessou: começou naquela hora o meu fadário [Pão dos Pobres, II, p. 78].
Na cidade de Coimbra, o Padre Américo ainda fundou o Lar do Ex-Pupilo das Tutorias e dos Reformatórios do País, na Rua da Trindade, n. 18, que abriu no dia primeiro de Janeiro do ano de 1941, com cinco Rapazes do Refúgio de Coimbra [Relatório de 1941, Coimbra, p. 7]. Nas suas Constituições [Coimbra, 1941], diz que é uma instituição particular, para amparo e orientação dos Menores que tiverem atingido o limite de idade dentro dos Estabelecimentos do Estado [n. I]. O Relatório de 1942 refere a reeleição de Alberto Augusto [Monteiro Nunes] como Maioral [cuja presença nos informou; e recordou - O Gaiato, n. 1261, 11 Jul.1992]. Sobre esse Lar, o Padre Manuel Joaquim Gonçalves [n.19-XII-1921] testemunhou-nos as mudanças para a Quinta dos Sardões e Rua da Mãozinha, n. 20 - Santo António dos Olivais, em Coimbra. Em Abril de 1950, mudou de Assistente Religioso [Padre Luís Maria dos Anjos Maurício; que foi Pároco, v.g., da Amadora, de 1974-1986]. Porém, acabou por ser entregue aos Serviços Jurisdicionais de Menores.
Depois, a Obra da Rua alargou a sua acção ao Distrito e Diocese do Porto, com a fundação pelo Padre Américo da Casa do Gaiato das Ruas do Porto - Casa do Gaiato de Paço de Sousa, no concelho de Penafiel [na Quinta do Mosteiro, sede da Obra da Rua - Auto de entrega em 20-IV-1943, no Memorial Padre Américo], escrevendo: Era aquela a minha cruz; a cruz que o Senhor me preparava. Cruz doce como são todas as que Deus dá [A Porta Aberta, 1952, p.7]. Entretanto, foi sendo construída a Aldeia dos Rapazes [com documentário de Adolfo Coelho, 1947], do Arq.º Teixeira Lopes, com Capela [benzida em 24-III-1946, por D. Agostinho de Jesus e Sousa, Bispo do Porto], Cruzeiro [31-VIII-1946, com as inscrições - Anno Domini 1943 e Crux stat dum mundus volvitur], casa-mãe, casas I a IV, hospital, Escola [Diário do Governo, II s., n. 36, 14-2-1944], oficinas, Av. Eng. Duarte Pacheco [† 16-XI-1943], etc. Depois, o Padre Américo também fundou a Casa do Gaiato de Beire, no concelho de Paredes [24-VI-1954, na Quinta da Torre, com Cruzeiro e Capela benzida em 12-VII-1956, por D. Ant.º F. Gomes]. No sul do País, depois de Lisboa, surgiu a Casa do Gaiato de Setúbal [1-VII-1955, com Capela; Padre Acílio desde 1957].
No historial de expansão da Obra da Rua, surgiu a Casa do Gaiato de Lisboa, em Santo Antão do Tojal - Loures [início em 4-I-1948]; com, v.g. - Padre Adriano Antunes [1914 † 1983; que foi para os Açores em 1964], Padre Luiz Barata de 1963-1990, Padre Manuel Cristóvão [1945 †2020 - S. Tomé e Príncipe]. E, ainda, a Casa do Gaiato de Ponta Delgada, em Capelas [inaugurada em 2-IV-1956], na ilha de S. Miguel, nos Açores, com o Padre Elias André [1926†1974]; que, depois, se ligou à Pia União dos Apóstolos da Rua [estatutos de 8-XII-1959], com o jornal O Apóstolo da Rua. Porém, depois, essas Casas do Gaiato foram desvinculadas da Obra da Rua.
Ainda surgiram Lares do Gaiato, para os Rapazes que estudam e trabalham nas cidades, com as suas Constituições [1951], a saber: Porto [Rua D. João IV, n. 682, em 3-II-1945]; Coimbra [no Cidral, X-1947]; S. João da Madeira [1950-1953]; e Lisboa [1953]. A Obra da Rua tem também Lares de Férias em Azurara, Praia de Mira e Portinho da Arrábida, actualmente.
Padre Manuel Mendes