
PAÇO DE SOUSA
GINÁSIO — Os nossos rapazes vêm usando o nosso ginásio com mais vontade. Após a deslocação das máquinas e equipamentos do balneário para a antiga sala de música, que se encontra perto da carpintaria, a frequência da utilização aumentou bastante. Talvez o frio e a chuva do Inverno fizeram com que a motivação e vontade de exercitar não fosse tão notória. Contudo a Primavera chegou e com ela um tempo mais fresco e propício à actividade física. Assim sendo, ao final do dia escolar e nos finais de semana, há sempre alguém a usufruir do espaço, dando utilidade às máquinas e ao local. Não tenho dúvidas que como acontece muito nos ginásios por Portugal e mundo fora, nestas alturas é quando os utilizadores aumentam, as causas eu cá sei… Talvez ao facto de o Verão estar a aproximar e sobretudo nós jovens gostamos de estar em forma para ir à praia e estar com a elegância em dia, a saúde também é sem dúvida a maior causa da procura dos ginásios nesta altura do ano.
NETO DA CASA — Esteve connosco no decorrer da última semana o Bento, neto da Casa, uma vez que o seu pai foi gaiato na Casa do Gaiato do Tojal inicialmente, tendo depois vindo cá para Paço de Sousa frequentar estudos avançados e, posteriormente, foi um dos primeiros rapazes da Casa de Malanje. Ora, este rosto familiar hoje em dia já homem de família e com grandes cargos já na vida profissional, nomeadamente director de uma escola secundária, tem passado pelas Casas para passar tempo connosco como é óbvio, mas também continuar no desenvolvimento da sua tese de doutoramento, de que a "Obra da Rua" é a base deste enorme trabalho que continua a desenvolver. Contou com a nossa ajuda e disponibilidade para uma pequena entrevista feita a cada um, com questões como: "o que é que a Casa do Gaiato te ensinou?"; "Quando fores embora pretendes manter a ligação à Casa"? Questões que até parecem simples, mas exigem uma resposta bem elaborada, e que, dependendo de cada um, foram respondidas da melhor forma que puderam.
Isto é só um ramo desta enorme árvore que está a crescer neste trabalho árduo e longínquo que exige os doutoramentos. Da minha parte foi uma experiência bastante agradável, pois foi um diálogo fluido e divertido, podendo também levantar dúvidas que me surgiam, o que permitiu conhecer um pouco mais da sua história de vida e relação com a Casa do Gaiato nesse percurso que continua a traçar.
DIA-A-DIA — Na nossa Obra, o dia-a-dia que se vivia há 20/50 anos atrás já não é o mesmo em relação ao número de rapazes, contudo as actividades que se faziam e os horários vão-se mantendo. Durante a semana o horário de acordar é às 7h, sendo o pequeno almoço às 7:30h. Os rapazes que estudam no Porto tomam o seu pequeno almoço antecipado ou a caminho para as escolas de forma a ser pontual nas suas aulas. Os estudantes da Profensino de Irivo, após o pequeno almoço lá vão arranjar-se para fazer a sua caminhada até à escola. Os rapazes que estão à procura de trabalho ou até mesmo se o seu trabalho é na Casa, após o pequeno almoço fazem as tarefas que o chefe marcou até estarem concluídas. Ao 12:30h segue-se o almoço, onde alguns trabalhadores da Casa nos acompanham antes do regresso ao trabalho as 14h. Entre as 16h e o final da tarde lá vão chegando os estudantes cansados de mais um dia de estágio ou escola, para a sua merecida merenda e descanso até as 19:30h, hora do terço, seguido de jantar.
Nos finais de semana, principalmente à tarde, era habitual recebermos enormes excursões e visitas, que passavam toda a tarde connosco a jogar futebol ou mesmo a conhecer a Casa. Hoje, muitas das visitas quando cá vêm, questionam-se de onde estão os rapazes! A verdade é que estamos aqui, só que nos quartos ou sala de lazer das casas, a navegar na internet, porque estar na rua, muitas vezes é uma solidão pois já não é possível fazer actividades e passatempos que se faziam. Pode ser que com o calor a motivação de estar mas pelo exterior a fazer algo produtivo seja maior, e assim possamos também passar mais tempo com as visitas. De qualquer maneira, há sempre algum rapaz que acompanha as visitas à nossa Aldeia e/ou ao nosso Memorial/Museu Padre Américo/Obra da Rua.
José Júnior