O GAIATO digital
* Campo de milho em Malanje, alimento que se semeia e trata. Que dê boa colheita! *
Edição de 30 de Março de 2019 : Ano LXXVI : n.º 1958
DA NOSSA VIDA
O trabalho

«O comerás o pão com o suor do teu rosto, tido por muitos como o castigo dado por Deus ao homem no momento em que perdeu o respeito por si mesmo, pecando, estaria agora desacreditado por esta sociedade ocidental que dá o pão a tanta gente sem a contrapartida do trabalho que provoca o suor do rosto…»
Padre Júlio
BENGUELA
Somos testemunha…
«… A fome e a miséria continuam a crescer, em alguns pontos geográficos desta nossa querida Angola. Participamos deste sofrimento. Queremos dar a nossa ajuda, na medida das possibilidades. Antes de começar a escrever estas Notas, encontrei duas pobres mulheres. Uma tem oito filhos e vive prostrada, sem qualquer rendimento. Vinha acompanhada doutra irmã que está nas mesmas condições. São apenas sinais da situação triste e miserável em que vive uma porção considerável de irmãos nossos. Demos a ajuda possível. O Amor deve encher os nossos corações. A nossa Casa do Gaiato de Benguela é testemunha do Amor que enche os vossos corações. Sem a ajuda que nos é dada como fruto desse Amor, não seria, nem será, possível a nossa sobrevivência…»
Padre Manuel António
MALANJE
«… Entretanto, começaram a chegar um grupo de meninos e meninas para comer. Perguntei-lhes porque vinham e responderam-me que faziam o mesmo que eles quando não tinham que comer: vão de casa em casa e quando em alguma há algo para aconchegar a barriga, vão todos... e assim, um dia comem numa casa, noutro, noutra. Cada um pegava no prato daquele que terminava e assim até que a panela ficou vazia…»
Padre Rafael
SINAIS

«... Poesia ou prosa? Deixa-me ler... Mesmo que seja só uma continha de somar, ficarei mais perto do teu coração…»
Padre Telmo
PÃO DE VIDA
O rapaz das tangerinas
«… desta vez vai assim para variar uma historieta sobre o rapaz das tangerinas, em que qualquer semelhança com factos reais é pura coincidência. E até poderá servir também para recordarmos Pedro Homem de Mello [6-IX-1904; 5-III-1984], grande poeta do povo - tão antigo como a própria língua portuguesa, com o seu rapaz da camisola verde e povo que lavas no rio...»
Padre Manuel Mendes
VINDE VER!
Cartas abertas
«… Pois na língua dos meus avós ensinaram-me o ditado que encerra a seguinte sabedoria: papa "weza enzala wabu", cuja tradução é: o pai chegou a fome acabou! A palavra pai tem peso e ocupa espaço aonde quer que seja pronunciada. A sua presença é sinónimo de tranquilidade, segurança, conforto e até ausência de fome se faz sentir. Simplesmente porque se trata do pai, seu coração percebe. Os verdadeiros pais da terra são, e procuram ser, cada vez mais a imagem do Pai celeste…»
Padre Quim
PENSAMENTO
Se realmente se procura melhorar a sorte dos homens dentro de uma nova ordem social, os dirigentes do mundo deveriam começar por se unirem entre si e depois ditar - para assim haver Ordem.
Pão dos Pobres, 3.° Vol., pg 55.
Pai Américo
PATRIMÓNIO DOS POBRES
«… A partir de certa idade ou após a assunção de compromissos familiares, como o ajuntamento ou matrimónio, os cabeças de casal deviam ser obrigados a trabalhar.
Esta seria uma medida de profilaxia social do maior alcance para acabar com a pobreza extrema e a miséria humana.
Uma das causas do indiferentismo cristão está também na resposta íntima e intuitiva com que lhes voltam as costas: que trabalhem. Que vão trabalhar…»
Padre Acílio
SETÚBAL
«… Há cerca de um mês que saiu da nossa Casa, para Malanje, o contentor aqui falado, com máquinas, tubagem, uma grande quantidade de alimentos, roupa, calçado e sementes.
Arrumámos quanto pudemos, preenchendo todos os centímetros cúbicos da enorme caixa de quarenta pés.
Todos os redondos da tubagem foram cheios, por dentro e pelos cantos, e até os tubos direitos foram preenchidos de outros tubos, mas a canalização de rega ficou em metade.
Vemo-nos obrigados a fazer outro contentor…»
Padre Acílio
PADRE AMÉRICO - «PENSAMENTOS»
A Editora Modo de Ler, aproveita a oportunidade da Obra da Rua estar prestes a fazer 80 anos e promove um livro intitulado Padre Américo - Pensamentos. Neste âmbito, pede «a cada Amigo que escolha e nos envie [à Modo de Ler] até 31 de Março próximo os 10 Pensamentos do Padre Américo que mais o tenham impressionado, e de que página e obras foram transcritos. Depois, com todos os pensamentos reunidos, e com a indicação de quem os escolheu, far-se-á uma edição que será publicada no próximo mês de Julho, na data da evocação da morte desse Santo que se fez Homem, no dizer do saudoso Professor Nuno Grande, edição cuja venda se destinará por inteiro à Obra da Rua. Às entidades oficiais a quem poderá ser útil, porque esclarecedora, a edição será oferecida.»
Pelas CASAS DO GAIATO
REGOZIJO
No passado dia 23 do corrente, o nosso Manuel Pinto (um dos primeiros gaiatos) celebrou 90 anos de vida. É um marco importante, e motivo de nota, porque mesmo com a idade avançada, continua a pautar a sua vida na dedicação incansável à Obra do Padre Américo, no apoio à secção administrativa do nosso Jornal. É um contributo diário e valioso.

Acrescenta-se, que também está prestes a completar 75 anos como filho da nossa Obra. A mesma que fez dele um Homem que ainda contribui para a nossa sociedade, através do trabalho, do exemplo e da dedicação à família.
Outros lhe sigam os passos!
Feliz aniversário.
Nuno Almeida
BEIRE
Até o funeral foi "bonito"…
«…E quando P.e Carlos - imediato sucessor de Pai Américo - decide proporcionar aos mais velhitos um Retiro para reflexão sobre a Nobre Arte de Viver, passo a hospedeiro dos gaiatos. A quem, na hora das refeições, cuidava de que nada faltasse aos meus meninos. Depressa passei a ser, para eles, o frei Papinha, do filme D. Camilo e o seu Pequeno Mundo que marcou época. Era uma forma gaiata de me dizer que me queriam.
Foi assim que conheci o Sedielos. Acabei por ser cunhado dele. E, com ele, acabei por me apaixonar pelo Calvário. Agora, neste acto de entrega a Deus, dizemo-nos uns aos outros que era um homem que amava o Calvário e sempre se preocupava em pacificar a todos. Que "bonito" um funeral assim…»
Um admirador