O GAIATO digital
* Casas geminadas do Património dos Pobres em Rans - Penafiel *
Edição de 2 de Fevereiro de 2019 : Ano LXXV : n.º 1954
PATRIMÓNIO DOS POBRES
«O Património dos Pobres,
segundo o pensamento do Pai Américo, destina-se primariamente a
auxiliar os Pobres na sua habitação e a denunciar perante o público, as
autoridades e a Igreja Católica a dramática situação de tantas famílias
privadas do acesso a uma casa digna.
Não me calo, nem jamais deixarei de gritar, como faz o Papa Francisco, enquanto sentir o alheamento dos confortados pela riqueza pessoal, pelo poder político ou religioso e pelos que têm duas, três ou mais casas, na cidade, no campo, na praia, neste e noutros países, para gozar férias e passear; não se incomodando com o frio, a doença e desânimo daqueles que não têm capacidade para enfrentar a distracção voluntária, contínua e persistente dos ricos e poderosos…»
Padre Acílio

DA NOSSA VIDA
Casas dos Pobres
«… Por estas bandas, não conhecemos casas do Património dos Pobres sem habitantes. Todas cumprem a sua missão. E mais houvesse... Pena é que pouco mérito lhes seja atribuído pela sociedade em geral, e ainda menor é o que lhes atribui quem tem funções de governo. Se assim tratam estas casas dos Pobres, daí se infere o valor que se atribui a quem as habita. Se não as carregassem de impostos, atendendo ao seu cariz peculiar, quem sabe se não se fariam mais casas para os deserdados da sociedade, à sua medida? Seria sinal de que o valor intrínseco das casas era apreciado e as pessoas que delas necessitam respeitadas.»
Padre Júlio
VINDE VER!
O Feliz
«… A primeira pergunta: Qual é o seu nome? Veio de imediato a pergunta como se de um soldado pronto e destemido se tratasse. «Feliz», disse o garoto. Pois feliz é agora porque tem uma verdadeira família que vai cuidar de si — veio esta confirmação dentro de mim. E quando li a nota vinda do Ministério Público fiquei admirado. Agora está connosco em segurança…»
Padre Quim
SINAIS
«… Uma grande parte da humanidade não vê... olha com prazer as suas fábricas e indústrias, seus bens, seus negócios e divertimentos. Prescinde de Deus.
— Desculpe, não sou crente.
— Não tenho nada a desculpar, mas tenho pena que não conheça o Senhor…»
Padre Telmo
PÃO DE VIDA
Do Padre Jacinto de Sousa Borba

continuação do número anterior
«… Foi precisamente às portas de um novo século que um rapazito à beira de 12 anos, depois de frequentar o Colégio de Nossa Senhora do Carmo, vindo das terras de Penafiel - do Salvador de Galegos, por vontade de seu pai Ramiro Monteiro de Aguiar, foi recebido no Colégio de Santa Quitéria, em Felgueiras. Sobre o momento seguro em que Américo Monteiro de Aguiar chegou a Felgueiras, as fontes escasseiam, pois a borrasca anti-eclesial de Outubro de 1910, com a infeliz perseguição religiosa, também provocou destruição no arquivo desse Colégio... Já demonstrámos noutros escritos [em primeira mão] que Américo Rodrigues Monteiro de Aguiar [sic] fez o exame de instrução primária [2.º grau — 4.ª classe] no dia 8 de Agosto de 1899, na cidade de Penafiel, de acordo com notícia da imprensa local [O Penafidelense, de 11-8-1899], que revelámos por consulta directa, e segundo um naco autobiográfico incisivo, em que confidencia: Eu fiz exame de primeiras letras mesmo na pontinha do derradeiro quartel do século XIX [O Gaiato, de 15-10-1944]…»
Padre Manuel Mendes
ERA O ANO I, N.º 25
Uma Novidade

«... Um dos nossos rapazes foi aviar um recado a Lisboa. É verdade. Um gaiato de 14 anos e pouco mais, levou a missão de acompanhar um irmão doente a um Instituto e de caminho, entregou três mensagens em outros tantos Ministérios, - o pequenino mensageiro da nossa obra. Foi documento vivo; prova real; estímulo para outras obras…»
Pai Américo
DE CARTAS
«Junto envio cheque para contributo do envio do Jornal O GAIATO, que recebo há vários anos e que quero continuar a receber, pelo carinho que tenho pela Obra do Pai Américo, como pelo exemplo de tanta abnegação que nos transmite. O remanescente fica para aplicarem onde entenderem que é mais necessário. O Calvário toca-me muito, pois sei o que é difícil acolher e tratar doentes como os que vós acolheis e que toda a sociedade rejeita...
Assinante 60788.»
«Remeto junto um cheque com duas finalidades que me farão o favor de respeitar... como compensação da remessa do Jornal O GAIATO, que venho recebendo, e lendo, com muito prazer, há várias dezenas de anos... Ficar-vos-ei também muito grato se me enviarem... o livro O Calvário, da autoria do Padre António Baptista, por quem tenho muita consideração e a quem me sinto ligado por um momento inesquecível da minha vida profissional...
Assinante 9836.»
SETÚBAL
Natureza
«… Dado ao meu encanto, não pela ave que devia estar doente, mas pelo delírio deles, perguntei-lhes como tinham apanhado a pomba.
— Estava ali quietinha, agarramo-la e metemo-la na gaiola.
— Olhem que a pombinha deve estar doente!
— Não não, não está, dói-se somente de uma asa.
Deixei-os no seu gozo e fui à minha vida, saciado com a alegria dos pequenos. O meu pensamento fixou-se na atracção que a natureza viva exerce sobre as crianças!…»
Padre Acílio
Pelas CASAS DO GAIATO
BEIRE
"Heroínas do bem e do belo!"…

«… Alegra-me também o pensar que todos estes avanços da Ciência e da Política sociais têm, na sua pré história, o nome de Obra da Rua. Uma "palavra nova" que, na década de quarenta, acordou Portugal inteiro para os problemas sociais de que, pelos vistos, até então era "proibido falar". Porque nisto também Pai Américo foi pioneiro. Empurrado / "imbuído" pelo Espírito do Evangelho ('coisa' já quase desconhecida...), foi tangendo Portugal inteiro para a frente. "Eu estou a remediar", gritava ele às autoridades do tempo, quando lhe diziam que "em matéria social, aquilo que não se pode remediar, também não se pode falar". Ouço a sua voz firme e ousada: - Alto lá, Senhor General. Eu estou a remediar. Eu falo pararemediar!…»
Um admirador
MIRANDA DO CORVO
- Catequese;
- Teatro;
- Desporto (Futebol);
- Educação musical;
- Psicologia clínica;
Rapazes de Miranda
PAÇO DE SOUSA

- Ginásio;
- Futebol;
- Trabalho;
- Música;
Nuno Machado
CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA
PARTILHA
«… Na parte que nos toca, agora, como sempre, faremos por dar a esses contributos a aplicação que nos parecer mais justa para as pessoas que acompanhamos, sendo que, uma boa parte irá para reparações em casas do Património dos Pobres de que já aqui demos conta nas crónicas anteriores.
Num mundo onde são muito poderosas as forças que puxam para o individualismo e para sentidos da vida que levam à desgraça, é preciso todo o empenho e mais algum no sentido da partilha solidária da qual a generosidade dos nossos leitores é um bom exemplo…»
Américo Mendes
O «TROFA»

Faleceu, em 30 de Dezembro de 2018, o Geraldo Joaquim
Sampaio d'Oliveira, que foi da nossa Casa do Gaiato de Paço de Sousa e
entre nós era conhecido como «Trofa», tinha 82 anos.
«Sabemos da importância que a vossa instituição teve no crescimento do nosso familiar tão querido, que recorrentemente nos contava histórias de vida passadas nessa Casa, com aqueles que não sendo familiares de sangue, se tornaram as pessoas que mais atenção lhe deram nessa fase importante de crescimento.
Bem-hajam por continuarem a ajudar tantas crianças e jovens.»
Entrou nesta Casa do Gaiato em Outubro de 1949, como referem os nossos registos, tinha portanto esta Casa 6 anos de vida.
Há poucos anos veio procurar-me, preocupado com o futuro desta Casa. Pediu-me que tudo fizesse para que a hipótese da Casa fechar não viesse a acontecer.
Agora, que pedimos a Deus que o acolha junto de Si, pedimos-lhe nós a ele que interceda pelo bem e futuro desta nossa Casa do Gaiato de Paço de Sousa e de toda a Obra da Rua.
Que o «Trofa» seja recebido por Pai Américo no Céu, ele que em 1949 aqui o recebeu.
Muito grato à família pela notícia, que de outro modo não nos chegaria.
Padre Júlio