O GAIATO digital
* Busto de Pai Américo na Casa do Gaiato de Miranda do Corvo *
Edição de 9 de Junho de 2018 : Ano LXXV : n.º 1937
DA NOSSA VIDA
Tríade
«Tudo quanto lhes dê alegria, é para mim alegria.» Pai Américo
«… Pai Américo foi um homem que determinou a sua vida em liberdade, e um pai e pedagogo que estabeleceu a vida com os seus Rapazes nesse ambiente. Eu, da minha mesa, como o caldo e observo os graciosos movimentos do rapaz. Em mais nenhuma parte que não fosse aqui, ele poderia jamais fazer isto que faz; não teria a sua caixa, não teria os seus tesoiros, não teria liberdade. Faltar-lhe-ia a posse da vida e o gosto de a viver. Aqui, não. Aqui tem tudo.…»
Padre Júlio
BENGUELA
Benguela acolheu-nos, há 55 anos
«… com muito carinho, quando chegámos para a fundação da nossa querida Casa do Gaiato de Benguela. Uma parte considerável dos responsáveis pelas empresas existentes, naquele momento histórico, prestou a sua ajuda extraordinária para o início da construção dos edifícios. Doutro modo, não seria possível levar para diante a Obra nascente…»
Padre Manuel António
PATRIMÓNIO DOS POBRES
«… — Mas como? — Perguntei-lhes. — Procurem vocês uma casa que eu pago-vos a caução e o primeiro mês. Mas descubram uma morada que possam pagar!
— A gente só tem 300 euros por mês para as duas.
— Não sei —, respondi. — Também alugar uma casa para estar lá só 2 ou 3 meses! Eu não vou nisso. Dirijam-se à Segurança Social que é do Estado. Este tem obrigação de vos amparar.
Foram tantas as vezes que me vieram rogar uma casinha, uma casa! Tantas as que telefonaram!... E a situação mantém-se…»
Padre Acílio
ERA O ANO I, N.º 8
Os nossos castigos não são de pau nem pedra, mas abalam os alicerces. São o quem não trabalha não come. Isto só; nu e cru.
Alguns entram no refeitório a chorar.
— Que tens tu?
— Vou comer pouco!
Muito há a esperar do pequenino que procura conquistar com lágrimas nos olhos, hábitos de trabalho.
O Zé Carlos, do Alentejo, vai para a erva, nos campos. Os grilos tentam-no. Chega a casa cheio de grilos e vazio de erva.
Senta-se à mesa. O cozinheiro serve meia ração. Ele refila adoravelmente.
— Olha, mais erva e menos grilos.
Tudo ensina o pequenino,nas Casas do Gaiato; até os grilos.
Justiça, Verdade, Amor.
Com estas pedras edificamos monumentos, que são património da Nação.
Pai Américo
MALANJE
«… Entrámos nas salas e encontrámos bebés — uns onze. Queria acolhê-los a todos nos meus braços... A responsável diz-nos: — Isto é um centro de acolhimento de crianças, aqui recebemos todos os que são abandonados por suas mães ou encontramos nas ruas. Depois, procuramos contactar os familiares, para que os tomem a seu cargo... e quando não é possível, mandamo-los para famílias de acolhimento. Como sempre, os deficientes psíquicos e físicos dificilmente encontram alguém que os acolha, e acabam por ir para outro centro na cidade de Matola…»
Padre Rafael
PÃO DE VIDA
Pela vida humana
«… Contra uma mentalidade eutanásica insensata, tem-se levantando um movimento social muito forte, coeso e abrangente de católicos, de outras confissões religiosas e pessoas de boa vontade, bem como especialistas, no sentido de esclarecer e reprovar tal iniquidade, pois pretende-se antecipar a morte a um ser humano, ao ser administrado um fármaco letal pelo próprio ou por outrem. Para a Ordem dos Médicos, a eutanásia e o suicídio assistido estão claramente fora da medicina portuguesa, não são nem podem ser actos médicos. Como outros que fizeram ecoar bem a voz da Igreja, o novo (e nosso) Bispo do Porto, D. Manuel Linda, afirmou claramente que o povo português não quer a morte, mas mais condições de vida. Trata-se, afinal, de um dilema (escolha) entre a vida e a morte…»
Padre Manuel Mendes
SINAIS
«… O João está na sua cadeira de rodas. Leva a sua cadeirinha para o sol da varanda e olha extasiado a sua Primavera. Passei e pediu-me que telefonasse à irmã.
— Tens o número?
— É um qualquer...
Ao receberes no teu telemóvel um telefonema sem nascente - é do João. Depois, pediu-me um cigarro. Dei-lhe um rebuçado. Ao tirar-lhe o papel — esqueceu o telefone e chupada. Tive impressão que ao saborear — sentiu o aroma das flores…»
Padre Telmo
VINDE VER!
Movidos pelos incentivos
«… O primeiro trimestre lectivo está concluído, começaram a chegar as notas dos estudantes. Vai chegar aos olhos dos encarregados de educação o fruto colhido no campo da inteligência depois do trabalho realizado na escola, numa acção conjunta entre professor e aluno. O incentivo de certa maneira estabelece alguma fronteira entre uns e outros. Por um lado, alimenta a motivação de quem trabalhou e é agora digno merecedor; e por outro lado, ficam privados dele aqueles que não produziram através do trabalho quando era tempo de o fazer. Neste caso, estes últimos necessitam de um reforço…»
Padre Quim
SETÚBAL
«… Quando os rapazes chegam das aulas, no autocarro, esperam-nos sempre a nossa matilha. Normalmente cada cão tem o seu rapaz preferido e as festas mútuas repetem-se incessantemente.
Como lhes faz bem brincar com os animais, saboreando o domínio sobre eles e, ao mesmo tempo, a inocência da criatura simples e sadia.
É a natureza pura a transformar, nestas relações, o desequilíbrio humano.
Isto só na Casa do Gaiato…»
Padre Acílio
Pelas CASAS DO GAIATO
BEIRE
A Beleza poisou sobre o Calvário/Beire...
«… Respira-se aqui um ambiente altamente terapêutico. Sejam quais forem as maleitas que por cá se arrastam. Não há dúvida — o Senhor fez/faz maravilhas. Pela mão dos homens por Ele amados e por força desta Mãe Natureza que, incessantemente, nos recria. Santo é o Seu Nome. Ele me enche de assombro — ora de olhos abertos ora de olhos fechados. Para ver mais perto / mais fundo. E para ver mais longe que os olhos... É um não me cansar de dar graças. Pela fé que bebi no berço. Pela instrução / formação que recebi/recebo — também da Igreja. Com uma ciência e uma técnica que é preciso aprender e uma arte (c.t.a.) de cultivar a fé, que é preciso deixar livre para desabrochar. Porque estou mesmo convencido (por experiência vivenciada) de que o Espírito derrama os seus insondáveis dons "segundo a fé de cada um". Gosto de lhe chamar Santo, porque sempre…»
Um admirador
PAÇO DE SOUSA
75 ANOS
No dia 31 de Maio houve uma grande festa de celebração dos 75 anos da Casa do Gaiato de Paço de Sousa. Durante este dia tivemos a Celebração da Missa, na qual alguns Rapazes receberam a Primeira Comunhão. Depois do almoço, no nosso Salão de Festas houve uma Sessão de convívio com diversas participações. Começamos por ver um filme do início da nossa Casa do Gaiato, seguido de testemunhos de vários gaiatos mais velhos, alguns ainda do tempo de Pai Américo. Foi emotiva a sua participação, pois encontraram uma nova vida graças a esta Obra do Pai Américo. Seguiu-se uma projecção de fotos dos tempos antigos da Casa e dos tempos da nova geração. Depois foi a vez de contribuir na festa o grupo da Associação dos Antigos Gaiatos, com canções. Para finalizar a festa, os Rapazes mais novos fizeram as suas duas coreografias de dança. Finalmente fomos todos para o nosso refeitório lanchar e conviver uns com os outros. No fim cantamos todos os parabéns à nossa Casa, tendo o Nuno apagado as velas do bolo do aniversário.
José Júnior
MIRANDA DO CORVO
Eis os reguilas da casa-mãe da Casa do Gaiato de Miranda do Corvo!
Agropecuária — Escolas — Catequese — Liturgia
Rapazes de Miranda
CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA
«… Estamos a falar do pedido que os dois filhos de Zebedeu, Tiago e João, uma vez fizeram a Jesus: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». Sabemos o que Jesus lhes respondeu e a forma como o fez. Começou por lhes responder de uma forma dura: «Não sabeis o que pedis.» Mais adiante, disse, não só a Tiago e a João, mas também a todos os apóstolos que O acompanhavam: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos», (Marcos, 10, 42)…»
Américo Mendes