NOVO LIVRO

Mais do que os nossos parcos apontamentos introdutórios, é bem melhor dar a palavra directa ao Padre Engenheiro Luiz Barata, com base num registo audiovisual biográfico, felizmente preservado. São imagens históricas, mas com actualidade, que ferem, acompanhadas pelas suas palavras fluentes e consistentes. […]

Eis:

«Falar de mim nunca é nada agradável, porque a minha vida pouco importa, pouco interessa. Mas, talvez na medida em que isso possa ser útil aos outros, posso dizer alguma coisa de mim — é vida sem significação, além do normal. Filho de um modesto casal de funcionários públicos, estudei em Coimbra, estive na Escola Agrícola, onde tirei o curso de Regente Agrícola. Aos dezoito anos, vim para Lisboa, trabalhar e tudo fiz para que fosse possível tirar um curso superior, uma vez que as possibilidades materiais dos meus pais assim não o permitiam. Fui estudando por mim, nas horas que o trabalho me deixava livres. E, depois de ter feito a tropa como oficial miliciano, já depois de ter ingressado na Faculdade, fui continuando os meus estudos, trabalhando simultaneamente, fazendo conforme podia as cadeiras que a vida assim permitia, até que mais tarde tirei o curso de Engenheiro Agrónomo. Ou, por outras palavras: no dia em que acabei a última cadeira do curso de Engenheiro Agrónomo, parti para o Porto, para ingressar no Seminário, para ir para a vida sacerdotal e de um modo particular destinado ao exercício na Obra do Padre Américo.

Pois, pode-se perguntar: porque é que eu, depois de ter um curso superior, fui para sacerdote, porque é que, depois de ter talvez em perspectiva uma visão do mundo, das coisas, talvez de maiores facilidades materiais, resolvi ingressar no Seminário e fazer-me Padre ao serviço da Obra do Padre Américo? Pois, não vejo nada de mérito nisso, porque, como o nosso Pai Américo dizia — 'para Deus não há horas nem marés'. Porque, na verdade, eu senti um chamamento e que esse chamamento de Deus só me levaria a ser feliz se me fizesse sacerdote; e de um modo particular sacerdote ao serviço de uma Obra deste tipo. Porque, tendo eu trabalhado e vivido com vicentinos, sobretudo em Lisboa, sendo muito sensível aos problemas das misérias dos homens, tendo conhecido sobretudo em Lisboa os bairros mais difíceis e mais pobres, tendo conhecimento da angústia de muitos homens, para subsistir, para fazer frente às suas dificuldades, ao sustento dos seus familiares, e tendo encontrado crianças por todos esses bairros nas mais precárias circunstâncias, pois, me sentia de certa maneira determinado a realizar o meu sacerdócio neste tipo de Obra.

De resto, o Pai Américo em Coimbra tinha tido uma influência bastante grande sobre mim, pois que a sua pregação e sobretudo a vivência que me parecia existir — e de facto existiu — do Evangelho na sua vida, me tinham chamado a atenção. O Pai Américo, o Padre Américo, como é conhecido, realmente exerceu sobre mim uma grande influência. Mas, não só. Outros homens, sacerdotes, que não importa agora aqui considerar, pela sua vida religiosa apagada, ao serviço dos outros, num esquecimento total de si próprios, não conhecidos do grande público, nem muitas vezes até dos próprios paroquianos, que se dedicavam de alma-e-coração ao pastoreio das suas ovelhas, dando tudo o que era possível dar, inclusive a sua própria vida. Pois e daí ser Padre. Padre que para mim é uma honra, mas também uma grande responsabilidade, sobretudo nesta Obra em que teve o fundador o Padre Américo, como nós dizemos nas nossas Casas, o Pai Américo. — Da Apresentação do Padre Manuel Mendes.

Os pedidos podem ser feitos à Casa do Gaiato de Paço de Sousa, através do telefone 255752285, por e-mail: geral@obradarua.pt, por carta ou no site: www.obradarua.pt