MOÇAMBIQUE
A chuva vai caindo de mansinho. À nossa volta tudo começa a ter vida. É hora de preparar a terra e aproveitar para semear. Que alegria!
O tempo chuvoso este ano iniciou mais cedo. Que Deus ouça as nossas preces pois precisamos tanto de água. A mina da montanha há meses que ficou sem água, o caudal dos furos da Casa também baixou e não tem água. Dos dois furos da na Fazenda, apenas um permanece com alguma água para acudir os animais, viveiros, hortícolas e com uma boa gestão fazer chegar alguma água à Casa para o consumo e manutenção. Foi preciso recorrer à conduta que passa pelo nosso terreno e que leva água da Barragem dos Pequenos Libombos para as aldeias vizinhas, para autorizar uma saída da água para o consumo.
Nunca tivemos este problema. Mensalmente estamos a pagar quase 500,00€ (quinhentos euros), para garantir água para o consumo e manutenção da Casa. Portanto, o desejo é tão grande de que caia chuva que, muitas vezes, nos apetece até fazer festa quando começa a chover.
Os nossos dias têm sido motivados por uma alegria contagiante. Faz-se sentir que verdadeiramente a Obra é "de rapazes, para rapazes e pelos rapazes". Em 2015 recebemos da Casa do Gaiato de Paço de Sousa novas máquinas de Carpintaria e só este ano foi possível montá-las. Os rapazes, em número de doze, agarram-se ao trabalho: uns a pegar troncos, outros a serrar, lixar, cortar, empacotar, contar, entregar e todos felizes por se sentirem úteis.
Tudo se aproveita. O serrim vende-se e vai o resto para a machamba, a serradura para os pintos, algum resto de madeira para caixão e artesanato e, outra, para a lenha. Na Fábrica de Blocos estamos com as duas máquinas a funcionar: a pequena em Casa com um grupo a fazer blocos de 10, 15 e 20cm e a outra na zona da Mozal, na empresa de um grande amigo do grupo MIM Mozambique que, com tanto carinho, tem acompanhado o nosso dia-a-dia. E os rapazes lá vão fazendo o que podem.
Na Fazenda priorizamos a criação de pintos e de porcos para a venda. Lutamos com todas as forças pedindo a Deus que multiplique o nosso trabalho garantindo parte da manutenção dos rapazes e da Casa para o bem dos que estão aqui e daqueles que viram. Pe. Américo dizia aos seus filhos: "Quem não trabalha também não deve comer"; grande filosofia de São Paulo e nesta Casa para que saboreemos bem o pão de cada dia. É preciso que cada um faça o que estiver ao seu alcance.
No dia 1 de Outubro, tivemos a grande alegria de receber a visita de toda Equipa Vocacional Arquidiocesana com os vocacionados de todas as Paróquias. Foi um momento de muita ternura falar para este grupo da Missão que Deus confiou ao Pai Américo e àqueles que com tanto Amor se dedicam no dia-a-dia ao serviço dos mais pobres e abandonados. O que mais impressionou todos os membros do grupo foi saber que o Pe. Américo viveu tantos anos em Moçambique.
Neste tempo onde o mundo precisa tanto da presença de Deus, que sejamos capazes de ouvir a sua voz fazendo chegar aos que mais precisam o Amor no dar e receber.
Quitéria Paciência Torres