MOÇAMBIQUE
Este ano para responder às necessidades do Censo Geral da População e Habitação, o Governo decidiu interromper as actividades lectivas a fim de envolver toda sociedade nesta tarefa de recolha de informações. A nossa Escola junto com o Conselho Escolar achou por bem não interromper e programou actividades de recuperação, desporto, inglês, informática e visitas de estudo. Não foi fácil este desafio, principalmente para os mais crescidos. Os amigos e vizinhos à sua volta com programas de férias promovidos pela ignorância da sociedade e os nossos todos os dias a caminho da Escola. Chegaram mesmo a simular uma manifestação: "exigimos os nossos direitos, queremos férias...". Alguns pais, também contribuíram para este ambiente e até telefonaram a dizer que estávamos a castigar os filhos. Parece que o mais importante é dar-lhes tudo e fazer-se todas as suas vontades. Educar é amar de verdade e quando amamos pensamos no ontem, hoje e amanhã. Alguns alunos resolveram, motivados pelo espírito de férias, chegar embriagados..., que tristeza! Como Diretora e segundo o regulamento deveriam ser expulsos da Escola...e outros internos e externos tentavam testar a nossa capacidade de educadores. O amor fala mais alto, vamos amar, amar e amar. Não foi preciso chamar os encarregados e/ou familiares e nem tampouco buscar grandes autores para inspiração. Vamos aprender com eles, não tenhamos medo.
Nunca podemos amar o que não conhecemos. É preciso tempo para os nossos filhos. Eles gritam pela nossa presença e assistência. Às vezes, as preocupações são tantas que esquecemos o essencial. Quando nos submetemos às ordens e exigências do exterior de certeza que futuramente pagamos o preço deste erro. Quantos jovens estão hoje entregues à marginalidade e mergulhados em grande abismo comprometendo toda a sociedade? Muitos! Os psicólogos são chamados a dar respostas ao impossível. Os autores são os progenitores e educadores. Estes, sempre procuram formas adversas para responder às necessidades do momento e têm medo de parar e colocar-se no lugar do educando. É tão fácil falar de uma sociedade injusta, terrorismo, políticas, religião e tão difícil de evitar que este mal nos atinja. Ás vezes até falamos para os nossos filhos que o tempo é dinheiro e nós adultos não aproveitamos bem este tempo. Quem verdadeiramente quer educar tem que estar disponível a um amor sem medida todos os dias.
Quitéria Paciência Torres