Moçambique

O tempo passa tão rápido que só me apetece usar as palavras que o Pai Américo costumava dizer: "Já não tenho tempo de perder mais tempo".

Os mais pequeninos são um consolo. Olhando para eles, esqueço do mal que lhes fizeram e a sua ternura enche a minha alma; com os mais crescidos - com as aventuras próprias da idade - a cada dia aprendemos as lições da vida em defesa deles próprios. Com os mais velhos? Ó Meu Deus, só Tu sabes quanta oração, fé e perseverança são precisas para fazê-los entender que a vida deve ser construída com dignidade e respeito.

Ainda não encontrei um manual tão perfeito como o da estrada da vida!

Todos os dias temos um encontro de oração e avaliação onde cada um participa, da sua forma. É lindo ver a consciência dos mais pequeninos a queixar-se por um mano que comeu o lanche, estragou um caderno, na hora do recreio não deixou jogar à bola, enfim... até as moedas que encontraram pelo meio da casa e o momento de entrega. Os mais crescidos, muitas vezes, resolvem entre eles próprios ou guardam para depois! Os mais velhos, já não têm o que dizer porque o orgulho ferido não lhes permite...

Tentamos ajudar cada um consoante a abertura do seu coração. Costumo dizer-lhes que a chave principal está com cada um. Não existem medicamentos para a vontade nas farmácias! E nem tão pouco psicólogo que consiga fazer algo quando um não quer. Somos únicos e só pela humildade abrimos aquela nossa caixa forte onde Deus permanece no Seu silêncio à nossa espera.

Abrir os olhos aos "cegos", de olhos abertos às ambições e às vaidades do mundo, não é tarefa fácil. O mundo não está preocupado com o Bem-Fazer, mas sim com o que é mais fácil e não importa como.

Nesta Casa construímos vidas sobre a rocha, todos os dias. Mas o mal que habita dentro de cada um de nós, de repente, destrói o que é mais sagrado: o esforço infindável daqueles que querem sempre o nosso bem.

Ser pai e mãe tem um preço muito alto: lutar até às últimas consequências pela dignidade dos nossos filhos.