MALANJE
Há alguns dias partiu a Renata, uma enfermeira que veio conhecer a nossa Casa e prestar ajuda. Como sempre digo a quem nos visita, queremos que se sintam parte da nossa família. Os gaiatos, especialmente os mais pequenos, têm essa capacidade única de tocar o coração de quem os rodeia. Cada voluntário que passa por aqui vai embora com o coração tocado por algum deles de uma forma profunda. No caso da Renata, foi o nosso recém-chegado Yovani quem deixou uma marca especial nela.
A sua estadia foi, de facto, um verdadeiro presente. Durante muitos anos tentei criar uma ficha clínica e realizar uma série de análises para conhecer a situação dos gaiatos. Graças a Deus, esse projecto finalmente arrancou. Com a ajuda do laboratório da Irmã Socorro, conseguimos avançar, e agora só nos falta convencer dois ou três médicos a virem ao Gaiato para completar estas primeiras avaliações. Foi emocionante ver como, nos últimos dias, a Renata se dedicou incansavelmente a passar toda a informação para o computador.
Outro lugar que visitou e onde participou foi o Centro de Desnutrição do Kessua, que, com a ajuda da Mundo Orenda, consegue tirar mais de 50 bebés e crianças da desnutrição profunda todos os meses. A sociedade costuma esconder a pobreza e o sofrimento; por isso, as Obras e, em especial, os padres da Rua, estão chamados a não se limitarem às suas Casas, mas a saírem ao encontro do pobre da rua.
A Ana é outra voluntária que está a apoiar o projecto de formação de formadores, especialmente na Biblioteca e no projecto de Educação pelo Desporto. Para além do trabalho profissional, tudo o que envolve estar na nossa aldeia e o contacto com os gaiatos é um presente tanto para quem vem ajudar como para nós que os recebemos.
Estamos num momento da história em que o voluntariado não pode ser visto apenas como pessoas que "suprirão" trabalhadores ou realizam tarefas adicionais. São parte activa dos locais onde exercem a sua actividade. É necessário cuidar deles, acompanhá-los, formá-los e torná-los participantes das decisões. O voluntariado, há anos, é entendido como uma vocação, uma forma de viver, de estar na sociedade e de transformar o mundo.
Graças à ajuda oferecida por alguns leitores do nosso jornal, o lar de idosos de Maxinde está a receber uma cesta básica de alimentos de 200 euros praticamente todas as semanas. Agradecemos de coração a todos aqueles que, no anonimato, como diz o Evangelho, que o Senhor recompense por tanto bem. E termino agradecendo a todos e cada um dos voluntários da Obra da Rua, não só pelo seu tempo e esforço, mas também pedindo desculpa se, em algum momento, não estivemos à altura de tão maravilhoso presente que nos dá o nosso bom Deus.
Padre Rafael
