MALANJE

O Daniel já está no Gaiato, depois de ter superado a cirurgia. Durante um mês ficará em casa para acompanhar a sua evolução e receber os cuidados necessários. Nada disso teria sido possível sem a colaboração de tantas pessoas que tornaram realidade não só a cirurgia, mas também a continuidade da recolha de apoios para iniciar o que será a sua futura casa e a de tantos deficientes físicos e psíquicos. Um sonho a mais do Pai Américo que começa a ganhar forma em África. Há situações que marcam um antes e um depois, e o Daniel está a ser esse acontecimento.

Enquanto isso, no Gaiato tentamos reconfigurar a nossa aldeia diante das novas exigências do Estado, tentando ao menos responder ao mínimo necessário para evitar no futuro as dificuldades que o Gaiato enfrentou em Portugal. Colocar os maiores de dezoito anos num espaço separado, envolvê-los de forma mais formal nas actividades educativas e comprometer-se com as áreas produtivas da Casa. Um grupo deles poderá continuar os estudos universitários sem precisar sair de Casa, tornando-se uma referência para o resto da comunidade.

Este mês, definitivamente, as irmãs deixam a Casa do Gaiato e queremos transformar essa habitação num espaço de acolhimento para os voluntários e visitantes que virão de fora. Contratámos uma senhora formada na área da saúde para acompanhar os nossos mais pequenos na sua saúde física, afectiva e na enfermaria. Novas respostas para novos desafios, já que não aparecem senhoras que queiram assumir o papel de mãe dos gaiatos.

A nossa escola já começou as matrículas e, seguramente, este ano será reconhecida como Politécnico Casa do Gaiato. Uma oportunidade para que os adolescentes e jovens adquiram formação profissional para o futuro. Também o ensino acelerado para aqueles adolescentes que, com 16 anos, ainda não tiveram a oportunidade de frequentar a escola. E continuar com a escola de Camassese para as crianças que vivem em aldeias onde ainda não chegou a escola estatal. A Obra da Rua deve abrir-se às comunidades e expandir a sua actividade para que os pobres encontrem nela as portas abertas.

Neste mês de Agosto queremos concluir o último troço da estrada principal que dá acesso ao Gaiato, um projecto que já vai no seu segundo ano e que esperamos terminar ainda este ano. Como dizia o Padre Telmo: a nossa aldeia nunca se conseguirá terminar… e nós vamos continuar a tentar.

Padre Rafael