
MALANJE
Num carro branco chegaram duas senhoras da Manos Unidas para visitar o projecto de reabilitação do campo de futsal. Os gaiatos, desde a varanda, receberam-nas com os cânticos habituais de boas-vindas, cheios de alegria e entusiasmo.
Em seguida, Kid, o nosso chefe maioral, tomou a palavra para explicar que esta é a Casa do Gaiato, destacando que aqui somos uma grande família, onde se promove sempre o protagonismo dos rapazes. Aproveitou para agradecer sinceramente o apoio dado à reabilitação do campo, um sonho antigo dos nossos meninos.
As duas voluntárias, Menchu e Ana, apresentaram-se com carinho e partilharam a alegria de ver uma casa de crianças onde reina a fraternidade e todos assumem as suas responsabilidades com empenho.
Depois de alguns abraços dos nossos batatinhas, seguimos a visita pelo campo, onde explicamos que esta conquista também foi possível graças ao apoio da Junta de Andalucía e da Mundo Orenda. É maravilhoso quando um projecto ganha vida com a colaboração de tantas mãos e corações.
Tivemos ainda a oportunidade de visitar os laboratórios de formação profissional, financiados há alguns anos, e onde muitos jovens continuam a formar-se com esperança.
O dia terminou na casa das irmãs, partilhando um pedaço de bolo e uma chávena de chá ou café, num ambiente fraterno e acolhedor.
Em África, o acolhimento é sagrado. Aqui, fazer alguém sentir-se em casa é um gesto profundo e cheio de valor. Honramos o visitante colocando-o num lugar privilegiado. Aprendemos a contentar-nos com o pouco que temos e a agradecer sempre, porque mesmo o pouco pode ser muito quando vem de alguém que dá da sua necessidade. Aqui, ninguém tem sobra, e por isso partilhar torna-se um acto maravilhoso.
Pouco depois, o Padre Rafa regressou a Casa. Os gaiatos receberam-no tocando o sino, como é tradição, com sorrisos e abraços que disseram mais que mil palavras. Todos sentiram que o Pai Rafa voltava com um coração ainda mais próximo, mais paternal do que em outros anos. Este tempo fora de Casa, além de melhorar a sua saúde física, ajudou-o a reencontrar-se com a sua missão de padre da rua e pai dos gaiatos.
No refeitório, ao dirigir-nos algumas palavras, víamos nos seus olhos e na sua voz entusiasmo, esperança e um profundo desejo de fazer brilhar esta nossa Casa do Gaiato de Malanje.
Padre Rafael