
MALANJE
Um Dom que se Renova
Se me perguntassem quais são os dois grandes dons que Deus nos ofereceu por meio do Espírito Santo através da vida e do ministério do Padre Américo, eu responderia com clareza:
Primeiro, um modo de viver o ministério sacerdotal com uma opção radical pelos pobres, sendo também pobre.
Segundo, um lugar onde o pobre é o verdadeiro protagonista da sua vida.
Esses dois dons tornaram-se realidade em duas grandes expressões: os Padres da Rua e a Obra da Rua.
Só quem se afasta da floresta e sobe à montanha consegue ver toda a beleza do seu conjunto. Talvez seja justamente a partir da distância — aqui, em terras africanas — que se torna mais visível que a Obra da Rua não está a terminar, mas a pedir renovação, a querer abrir-se ao mundo e à Igreja de um modo novo.
O Espírito Santo continua a fazer nascer dons e carismas para enriquecer a Igreja. Não são para serem escondidos, mas partilhados. Será que Deus nos está a convidar a atravessar a metamorfose da crisálida para nos tornarmos uma nova borboleta? Será que os Padres da Rua e a Obra da Rua estão, neste momento, a viver essa renovação?
Em palavras simples: os pobres encontram na Obra um espaço onde são verdadeiramente protagonistas. Tomam nas suas mãos o rumo da própria vida, começam a acreditar nas suas capacidades e curam feridas causadas pela injustiça.
Os Padres da Rua são aqueles que amam o pobre incondicionalmente, que se entregam, acreditam e confiam nele. São como aquele pai amoroso que acredita nos seus filhos e está disposto a dar tudo para que vivam. Porque o amor verdadeiro tem força para ressuscitar o pobre da sua miséria.
Queridos leitores, obrigado por estarem sempre próximos, por continuarem a acreditar nesta Obra que Deus colocou nestas pobres mãos. Como nos lembra o Papa Francisco: "Rezem por nós e abençoem-nos, para que possamos continuar fiéis a este dom."
E quando este número de «O Gaiato» for publicado, talvez já tenhamos um novo Papa. Por isso, pedimos juntos, com humildade e esperança, como aquele cardeal que sussurrou ao ouvido do Papa Francisco no momento da sua eleição: "Santidade, não se esqueça dos pobres."
Padre Rafael