MALANJE 

Porque temeis, não tendes fé? Mc 4

Enquanto se abatia uma grande tempestade e Jesus dormia tranquilamente no barco, os discípulos ficaram aterrorizados e indignados por verem o seu mestre a descansar tranquilamente. Mas, antes de ordenar que os ventos parassem, deixou cair aquelas duas perguntas que ecoam até hoje nos nossos corações.

A Obra da Rua, como uma barca mais no meio deste mar, não escapa a tudo isto e surge no coração de muitos de nós o medo pelas situações que vivemos e a revolta pela aparente indiferença de Jesus perante tudo isto.

Jesus volta a insistir na pergunta... não tendes fé? Como se estivéssemos a confundir a fé com um outro tipo de comportamento, de atitude, de mentalidade e não com o seu significado mais profundo que pode muito bem ser o de confiar em Jesus, que junto d'Ele tudo fará sentido, tudo será renovado e ressuscitado.

Quando pensamos que a Obra da Rua pode acabar, só estamos a manifestar a nossa falta de fé e a nossa maneira errada de a entender. A única atitude crente é continuar a remar mar adentro, olhar para Jesus tal como Ele está connosco e permanecer fiéis à missão que Ele nos confiou. Onde nós não chegarmos, Ele fará o resto.

A Obra da Rua tem a missão de entrar na barca e fazer-se ao mar para recolher tudo o que a sociedade está a abandonar e trazê-lo para a margem para o recuperar. Onde quer que seja, sem medo de se afogar. Porque a Obra é de Deus e nós somos servos inúteis.

Certamente, quando este novo número for publicado, os Padres de Rua já terão escolhido um novo responsável/director da Obra de Rua. Que o Espírito inspire e sustente este nosso irmão para que, juntos, possamos discernir a vontade do Pai e continuar a ser expressão do amor preferencial de Deus pelos pobres. Em tudo amar e servir.

Padre Rafael