
MALANJE
«Encontros com o Ressuscitado»…
Assim era o título de uma tese de um companheiro de curso no seminário. Depois de ler compreendi a diferença entre encontrar-me fisicamente com alguém ou desde a fé. Desde Maria Madalena… passando por cada discípulo entendi que o primeiro passo é identificar esse amor de Cristo no meio de nós. Saborear que em algum momento da nossa vida alguém nos amou como só Jesus sabe amar… como nos descreve Paulo em uma das suas cartas aos Coríntios. Essa pessoa, esse lugar, esse momento que se vai repetindo ao longo da nossa vida como o sussurrar de uma música que nos abre a porta da eternidade no coração. Depois de identificar o amor, deixá-lo falar, germinar, dançar, abraçar sem querer possuir, dominar com prazer… simplesmente contemplar e aprender… ver como vai conquistar o teu interior com a paz, a reconciliação… como vai ajudar-te a reler os teus acontecimentos… até a tua história. Finalmente o desejo de compartir… comunicar… transmitir… servir… dar… tudo sem medida e com inteira gratuidade. "Bendita culpa que mereceu tão grande redentor"… cantávamos no Precónio. Que esta Páscoa nos reencontremos com o amor de Jesus no quotidiano, na simplicidade de quem está ao nosso lado.
Chegaram de manhã muito cedo uma técnica do INAC com duas crianças e duas senhoras. Já há várias semanas atrás solicitaram uma vaga e nós não aceitamos, pois quando os pais são vivos têm de assinar os documentos para as crianças permanecerem na Casa do Gaiato. Desta vez apareceram com a mãe. O técnico nos explica que a mãe tem uma vida sem rumo e que os meninos se criaram com o pai que terminou por ficar muito doente e entregar as crianças nas mãos do governo. Os meninos de 4 e 7 anos chegaram num estado muito lamentável… o mais pequenino desnutrido e cheio de sarna por todo o corpo. Durante o último mês ficaram no escritório da instituição pois não tinham onde os colocar. A técnica me explicou que estavam muito aflitos pois era Páscoa e os escritórios iam ficar fechados. Finalmente terminamos por aceitar e acolhemos mais dois «Batatinhas»: Kilson e Evandro.
Padre Rafael