MALANJE

Enquanto metade da humanidade está ocupada a destruir-se a si própria, outra metade está ocupada a tentar consertar o que os outros estão a destruir, e uma grande maioria é forçada a manter um sistema que se está a tornar obsoleto. A Mãe Terra continua o seu curso, consciente de que um ser que vive na sua casa se esqueceu de que nasceu das suas entranhas. Em África, sentimos na pele que a Natureza tem a última palavra e que nascer, crescer e morrer é a condição indispensável de todo o ser que tem a sorte de viver.

Nós, seres humanos, construímos sociedades que foram aumentando em número, criámos cidades pensando que seria para uma melhor qualidade de vida e com o passar do tempo tornaram-se o nosso cemitério… a pobreza que estas sociedades geraram faz-nos ver pessoas a viver e a morrer literalmente no meio do lixo com cheiro a podridão… enquanto a maioria de nós vira a cabeça ou olha com indiferença.

Mais do que nunca, são necessários novos modelos de vida e alternativas… a maioria de nós está consciente do fim deste caminho. A Igreja, mais do que nunca, é chamada a tomar partido e a colocar-se do lado da justiça, da verdade com a arma do amor em letras maiúsculas.

No meio de todos estes disparates, a Obra da Rua surgiu como uma pequena flor que se transformou num pequeno arbusto onde os pobres podem reencontrar o seu caminho, podem tornar-se protagonistas, porque transformam o seu pequeno mundo. Não neguemos aos pobres a oportunidade de nos dizerem como é que isto pode mudar. Olhemos para aqueles que se tornam pobres para salvar os pobres, mas é um novo modelo de vida, que também conduz à felicidade.

Padre Rafael