MALANJE

O nosso «Barrigas» vai a caminho dos 15 anos. Tio Bernardo, às vezes, recorda-me quando o «Barrigas» tinha apenas 3 anos e sentado no meu colo tomava o pequeno-almoço comigo. Então começo a fazer contas: «Se chego à aposentação vou vê-lo com 27 anos... a este outro, com 16...» e assim vão passando pela minha mente todos os «Batatinhas». E logo regresso à realidade e mergulho nas dezenas de preocupações desse dia.

Todos os fins de mês tenho de pagar o salário dos trabalhadores... e todos os meses temos de chamar à porta da Obra da Rua para nos ajudar a honrar este compromisso. São à volta de 6.000 euros todos os meses. Já chegámos à conclusão que esta situação só pode ser superada de duas formas: maior dedicação e trabalho ou despedimento de pessoal; e uma não está a resultar e a outra pesa-nos na consciência: Como se diz em Angola: «É o que temos», para dar a entender que temos de aguentar e seguir em frente.

A Obra da Rua deve ouvir as Casas de África com especial atenção e carinho. Pensemos por um instante que temos duas Casas e dois padres, um em cada Casa. A Casa de Moçambique foi-se perdendo pouco a pouco. Por outro lado, as Casas em Portugal estão cada vez mais vazias. Há um ditado que diz: «não há maior cego que aquele que não quer ver». Daqui a um par de meses completaremos um ano da reunião de todos os padres no processo sinodal... Que passos demos... continuamos sem definir um rumo, a não ser continuar naquele em que nos encontramos. A Obra tem de abrir espaços de participação entre a comunhão e a missão. Na comunhão, está a fidelidade ao projecto do Pai Américo e a missão de novos modelos de intervenção da Obra... a participação é o caminho.

Entretanto continuamos dando o nosso melhor na vida de cada dia ao Bom Pastor da Obra da Rua... em atitude de agradecimento a todas as pessoas que nos apoiam, especialmente às Casas de Angola.

Padre Rafael