MALANJE

Entramos no mês de Fevereiro... normalmente em Angola este mês é conhecido como kiangala (cerca de 20 dias em que não chove). Este ano começou no início de Janeiro e as chuvas ainda não voltaram. Se começámos a cultivar em meados de Outubro, de acordo com as nossas contas, não se cumpriram os 90 dias necessários para produtos como o milho, alimento básico para muitos angolanos. Com tudo isso, toda a safra de milho, feijão, batata está perdida... E em nossa Casa também se está a sofrer as consequências. Já começámos a vender suínos por falta de ração, antes que comecem a perder peso. E o milho que semeámos no sistema de aspersão será usado para semente.

As notícias de fora também não são favoráveis, já que uma nova onda de Covid-19 está causando novos confinamentos e uma redução do comércio a nível internacional e com o continente africano. Uma economia, como a angolana, que ainda depende 70% do produto estrangeiro, está mergulhada num poço de difícil saída. Com contínuas manifestações em diferentes partes do País, o povo expressa o seu descontentamento e a difícil situação em que vive hoje.

A falta de trabalho dentro de nossa Casa também é uma evidência e oficinas como carpintaria, serralharia e serração estão paradas, há meses e, para não dispensar os trabalhadores, colocámo-los em diferentes áreas agrícolas. Pesa na nossa consciência despedir um trabalhador, porque atrás de cada um está uma família.

Aqui em Casa, com o regime Escolar de uma semana em que os rapazes têm aulas e não noutra, tentamos organizar as actividades da Casa e focar-nos mais na agricultura. O governo decretou que a partir do dia 10 começarão as aulas para os mais pequenos, um novo desafio para poder implementar todas as medidas de biossegurança na Escola. A verdade é que aqui apenas se ouvem falar de casos de Covid-19 através dos meios de comunicação social, e muito menos em Malanje, onde nos encontramos. Aqui as medidas começam a relaxar, especialmente entre o Povo que vê como os efeitos colaterais do Covid-19 estão sendo maiores do que a própria doença.

Padre Rafael